domingo, 10 de janeiro de 2021

Orlando Brandão Vidal

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                A bordo do "São Ruy", em 1953      1953

Mais um homem do mar, depois de várias consultas, comparações, confronto de dados, de fichas, de livros, de jornais, de arquivos. Trabalho bom para um fim de semana de Janeiro, de muito frio e de confinamento, ao som da lareira que crepita. Há que montar um “puzzle” diferente, com os materiais que se podem consultar em casa ou a partir dela, on-line. Com Orlando Vidal, nunca tive nenhum conhecimento, mas sabia bem a que famílias pertencia a esposa.

Orlando Brandão Vidal, filho de Marcos Nunes Vidal Marto e de Maria Simões Ferreira Brandão (creio que foi professora de instrução primária, cá pelas redondezas…) nasceu em Vilamarim, concelho de Mesão Frio. Veio mesmo do frio e, por á ficou.

Nasceu em 24 de Janeiro de 1927. Era portador da cédula marítima nº 115 466, passada pela Capitania do porto de Lisboa, em 21 de Janeiro de 1953.

Do casamento com Maria Fernanda Cachim Parracho, nasceu uma filha, de sua graça, Maria João Parracho Vidal.

Andou numa panóplia de navios que os leitores talvez gostem de recordar.

Para começar, exerceu o cargo de piloto no navio-motor “São Ruy”, da praça de Viana do Castelo, em 1953, onde se cruzou com o amigo Chico Leite, como imediato, sob o comando do Capitão Zé Bilelo. 

No ano seguinte, 1954, piloto também, mas agora do lugre-motor “Santa Maria Manuela”. Em 1955, de piloto continuou, agora na viagem inaugural do navio “Sam Tiago", construído em Viana, mas para a SNAB., onde se cruzou com o Cap. Zé Leite e Chico Leite, imediato, irmãos e, ambos de Ílhavo.

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A bordo do “Sam Tiago”, em 1955, 2º da esquerda
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Teve uma passagem na 2ª viagem, de piloto, pelo arrastão lateral, “Santa Princesa”, na safra  de 1956.

Sendo o seu sogro, João Fernandes Parracho (de alcunha o Vitorino), à época, capitão do lugre-motor “Dom Denis”, da praça de Aveiro, era natural que “tivesse dado a mão” ao genro e o tivesse levado como imediato, nos anos de 1957, 58 59 e 1960. Estes aconchegos e “troca de cadeiras” eram, de certo modo, vulgares, em Ílhavo.

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“Dom Denis”, à entrada de Leixões
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Em 1961, o cap. Vitorino Parracho estreou o navio-motor “Rainha Santa”, como capitão, e Orlando Brandão Vidal ficou com o posto de capitão no “Dom Denis”, de 1961 a 1965 (inclusive).

De passagem pelo navio-motor “Rio Antuâ”, da praça de Aveiro, como imediato, na campanha de 1966, voltou a capitão do lugre-motor “Luiza Ribau”, da praça de Aveiro, de 1967 a 69, levando, desta vez, o seu sogro, como imediato, já mais gasto pelo tempo, pelo mar e por algumas maleitas.

De 1970 a 1972, inclusive, passou a capitão do navio-motor “Vila do Conde”, da praça de Aveiro, que, em 1971, foi transformado em navio de redes de emalhar, com lanchas. Teve como imediato seu sogro, em 1970, Armando António Lontro Bugalho, em 1971 e Manuel da Silva Santos, de Esgueira - Aveiro - , em 1972.

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Bota-abaixo do “Vila do Conde”, em 1955
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Abandonou a pesca do bacalhau e, a convite do Sr. Amaral, accionista, gerente e armador da ECONAVE, foi para a Dinamarca, a fim de assumir o comando do porta-contentores de 1ª geração "Eco-Tejo". Desembarcou e reformou-se deste navio, visto que, nos anos 80, teve um AVC, quando estava atracado no porto de Roterdão.

E eis a biografia marítima de Orlando Brandão Vidal, a que consegui ter acesso, navegando em vários riachos.

Homem bom, sabedor e de fibra, depois de alguns anos de reforma, deixou-nos, em “viagem sem regresso”, em 9 de Outubro de 2011, com 84 anos de idade.

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Ílhavo, 10 de Janeiro de 2021

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Ana Maria Lopes

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