domingo, 17 de janeiro de 2021

António Fernando Carola Abade

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António Abade, a bordo
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Há histórias de mar, de que nos fica uma muito vaga recordação, mas, um acontecimento recente, fá-las ressaltar à memória presente. Tal desprazer arrasta-as até ao tempo actual. Morrer no mar será sempre uma fatalidade que todos os mareantes receiam. E para a família, mulher e filhos, que se despedem, na barra, junto ao Farol, aquela despedida poderá ter sempre o sabor amargo a uma perda.

Foi o caso de António Fernando Carola Abade, filho de Fernando Nunes Abade e de Hermínia Carola, que nasceu em São Salvador, Ílhavo, em 2 de Dezembro de 1926.

Marítimo, casou com Júlia Augusta da Cruz Figueiredo Abade, em 25 de Outubro de 1954, de cuja união nasceram os filhos António Manuel e Maria de Fátima da Cruz Carola Abade.

De 3º maquinista, chegou a primeiro, entre as campanhas de 1956 e 1970, inclusive, nos arrastões de pesca lateral “São Gonçalinho”, “Santa Mafalda”, “João Ferreira” e “Lutador” (de arrasto pela popa).

Foi comandado por David Manuel Mendes Calão, José de Oliveira Rocha, Joaquim Manuel Marques Bela, Luís António Moreira Tavares e António Fernando Nunes Lau, quase todos de Ílhavo. Em cerca de 23 campanhas de bacalhau…

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Arrastão lateral " João Ferreira"
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Faleceu bastante novo, vítima de um ataque cardíaco fulminante, a bordo do arrastão “João Ferreira”, em 28 de Março de 1971, com 44 anos de idade.

Foi uma notícia que devastou Ílhavo e que, ainda hoje, é bem lembrada no coração dos que lhe foram mais chegados.

Na altura, foi do conhecimento comum que o casamento da filha Fátima, por opção, no dia do Pai (19 de Março de 1977), já sem ter pai que a conduzisse ao altar, que foi substituído pelo irmão, foi de um desgosto sem fim, regado por lágrimas do princípio ao fim.

Há perdas e perdas… as que que contrariam o sentido natural da vida são das piores e esta foi uma dessas, ainda hoje lembrada.

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Ílhavo, 17 de Janeiro de 2021

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Ana Maria Lopes

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