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Há
histórias de mar, de que nos fica uma muito vaga recordação, mas, um
acontecimento recente, fá-las ressaltar à memória presente. Tal desprazer
arrasta-as até ao tempo actual. Morrer no mar será sempre uma fatalidade que todos
os mareantes receiam. E para a família, mulher e filhos, que se despedem, na
barra, junto ao Farol, aquela despedida poderá ter sempre o sabor amargo a uma perda.
Foi
o caso de António Fernando Carola Abade, filho de Fernando Nunes Abade e de
Hermínia Carola, que nasceu em São Salvador, Ílhavo, em 2 de Dezembro de 1926.
Marítimo,
casou com Júlia Augusta da Cruz Figueiredo Abade, em 25 de Outubro de 1954, de
cuja união nasceram os filhos António Manuel e Maria de Fátima da Cruz Carola
Abade.
De
3º maquinista, chegou a primeiro, entre as campanhas de 1956 e 1970, inclusive,
nos arrastões de pesca lateral “São Gonçalinho”, “Santa Mafalda”, “João
Ferreira” e “Lutador” (de arrasto pela popa).
Foi comandado por David Manuel Mendes Calão, José de Oliveira Rocha, Joaquim Manuel Marques Bela, Luís António Moreira Tavares e António Fernando Nunes Lau, quase todos de Ílhavo. Em cerca de 23 campanhas de bacalhau…
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Faleceu
bastante novo, vítima de um ataque cardíaco fulminante, a bordo do arrastão
“João Ferreira”, em 28 de Março de 1971, com 44 anos de idade.
Foi
uma notícia que devastou Ílhavo e que, ainda hoje, é bem lembrada no coração
dos que lhe foram mais chegados.
Na
altura, foi do conhecimento comum que o casamento da filha Fátima, por opção, no
dia do Pai (19 de Março de 1977), já sem ter pai que a conduzisse ao
altar, que foi substituído pelo irmão, foi de um desgosto sem fim, regado por
lágrimas do princípio ao fim.
Há
perdas e perdas… as que que contrariam o sentido natural da vida são das piores
e esta foi uma dessas, ainda hoje lembrada.
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Ílhavo,
17 de Janeiro de 2021
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Ana
Maria Lopes
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