quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A Dança das Proas, em Aveiro

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Sensivelmente três anos depois da conclusão dos trabalhos de levantamento de quatro pontes no canal do Cojo, ao longo do Fórum Aveiro, as proas dos moliceiros voltaram a surgir em baixo.
Recorde-se que a obra implicou um investimento de 80 mil euros e tinha como objectivo permitir navegação de moliceiros com proas, o que até então não era possível, sendo serradas e seguras por dobradiças.
Fonte de uma das operadoras adiantou ao Diário de Aveiro alguns dos motivos que justificam o aparecimento de proas de moliceiros, serradas.
Entre elas, está a permanência de uma estrutura sob a Ponte-Praça, desde os tempos do Euro 2004 e usada para montar a árvore do Natal da cidade.
«Quando o movimento é pouco, conseguimos desviar-nos, mas, nesta altura do ano, em que é um corrupio de barcos, isso não é possível e baixamos o bico da proa», explicou a fonte, que garante ser esta uma situação que é do conhecimento da edilidade.
Mas há mais: «Quando a maré está cheia, tem-se mesmo que baixar, até na ponte de S. João, caso contrário não se passa». E não se pense que a situação se aplica apenas aos moliceiros, porque os outros barcos também utilizados nos passeios turísticos, chamados mercantéis, apesar de terem uma proa menos alta, também aqui são obrigados a baixá-la.

Um mercantel, sob a ponte S. João

A questão passa, igualmente, pelo sítio da proa onde se corta e coloca a dobradiça, pois a ideia é colocar a proa no sítio após a passagem do obstáculo.
«Se for mais junto ao bico, torna-se mais leve e coloca-se no devido lugar mais facilmente», defende a fonte contactada pelo nosso jornal. Mas, «se for mais em baixo, a estrutura da proa a mover torna-se demasiado pesada e, nestes dias de muito trabalho, alguns marinheiros não conseguem estar constantemente a fazer esforço».
Assim, alguns moliceiros voltaram a aparecer no Canal Central, com os bicos dobrados.

 
Isto, apesar da Câmara Municipal de Aveiro apelar para que os barcos mantenham as proas direitas o máximo possível, uma vez que se encontra ciente de que é necessário baixá-las em determinados pontos do percurso.
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Sugestão: desde que os moliceiros vieram para o Canal Central, há anos, começou esta polémica. Por via da altura das águas, das pontes e das bicas, não chegamos lá, nem imagino como se há-de resolver a situação.
Por via linguística, talvez cheguemos – havia os moliceiros norteiros, os sulistas e, agora, os centristas. Por que não?
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Ainda – moliceiros imponentes (norte), matolas (sul) e os atamancados ou turísticos (centro).
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Não passa mesmo de sugestão…
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Fonte – DA de 18 de Agosto de 2015
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Costa Nova, 19 de Agosto de 2015
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Ana Maria Lopes
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1 comentário:

NC disse...

Uma coisa é certa, aquelas proas cortadas são esteticamente horríveis e agridem inaceitavelmente as características do Moliceiro! Permitir que continuem assim não prestigia nada nem ninguém...