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O seu nome é Manuel da Graça, mas, por herança do avô, é conhecido por todos por Manuel Ameixa. O «Ti Ameixa», como carinhosamente também lhe chamam, é uma figura emblemática do nosso concelho pela sua ligação à ria e ao vaivém das travessias efectuadas entre a Bruxa e a Costa Nova.
O seu nome é Manuel da Graça, mas, por herança do avô, é conhecido por todos por Manuel Ameixa. O «Ti Ameixa», como carinhosamente também lhe chamam, é uma figura emblemática do nosso concelho pela sua ligação à ria e ao vaivém das travessias efectuadas entre a Bruxa e a Costa Nova.
Nascido há 89 anos (12.10.1921) na Gafanha da Encarnação, o contacto do Ti Ameixa com a Ria começou logo na infância. Depois da escola, o seu maior prazer era ir à procura do pai para poder andar na apanha do moliço, tendo, mesmo com 5 anos, aprendido a manobrar a barca.
Nessa altura, eram vários os grandes barcos mercantéis que faziam o transporte de pessoas entre as duas margens, tendo o pai optado, então, por essa actividade em parceria com o filho, de 11 anos de idade (em 1932), num negócio que dava sustento a toda a família. Vinha muita gente de longe, sobretudo depois da vindima, para uns dias de descanso na Costa Nova.
Em primeiro plano, a barca, pelos anos 30…
Celebravam-se ali muitos aniversários… e até os enterros passavam nas barcas!
Durante mais de 20 anos, Manuel Ameixa dedicou-se exclusivamente a esta actividade.
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À vara…
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Mas, após a construção da nova ponte e a consequente diminuição de clientela, optou por ir trabalhar para as lanchas da J.A.P.A., não abandonando o transporte por completo. Durante os fins-de-semana e nas férias de Agosto ajudava o irmão (Adelino Ameixa), que entretanto ficara encarregue do negócio.
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Os Velhotes ao leme da sua barca…
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Com mais de sete décadas ao leme da sua barca, o Ti Ameixa recorda com saudade o último Verão (2006), em que fez a travessia.
Com o andar dos tempos e a falta de clientela mais acentuada, «Os Velhotes» viram-se obrigados a substituir as grandes barcas de 18 metros de comprimento, por exemplares de cerca de 12 metros, tendo sido uma delas ainda construída pelo Ti Agostinho Tavares, de Pardilhó. As últimas já foram produto das mãos de construtor do Sr. Evangelista Loureiro (Gadelha), do Seixo de Mira.
A travessia em 1983…
Não tem memória de acidentes, apenas de um pequeno susto, quando, certo dia ao sair da Costa Nova, sozinho, se levantou vento com o qual não contava. Felizmente, conseguiu controlar a barca e seguiu viagem. Guarda, sim, boas recordações, quando outrora as raparigas cantavam, dançavam e o obrigavam a dançar com elas.
Todos os anos iam fazendo, ele e o irmão, as amanhações e decorações possíveis com «o engenho e arte populares» que tinham.
Era a nossa barca da passagem, nos últimos tempos, até que deixou de existir.
Estas são as memórias de outros tempos, homenageadas pela CMI, quando em 2000, colocou uma barca que pertencia à família de Manuel Ameixa numa das rotundas da Estrada da Mota (in Agenda Cultural da CMI., Novembro, 2006).
(Cont.)
Barca antiga – Cliché de João Teles
Fotografias de Arquivo
Ílhavo, 14 de Outubro de 2010
Ana Maria Lopes
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1 comentário:
Cheguei a fazer algumas vezes com o meu avô, quando eu era mais pequeno, esta travessia da Bruxa para a Costa Nova. Bons tempos...
Muito obrigado por partilhar connosco estas recordações!
Cumprimentos,
Tiago Neves.
www.roda-do-leme.com
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