segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Lugre bacalhoeiro Guerra II




Para mim, os meses de Outubro e Novembro foram de uma guerra saudável, sadia e salutar. Algo cansativa, mas enriquecedora, em todos os aspectos.

Depois do Regresso do Litoral, por que não propor, a mim própria, uma paz e uma calma também salutares, enquanto preparo, com carinho, esta quadra natalícia para os meus netos?

Convém transmitir experiências e saberes, pode-se fazer tarde, mesmo que, por agora, não me prestem grande atenção. Mas curioso, o Manel, ao “apreciar” a contracapa do livro, comenta: Ó Avó, que giro, os barcos, dantes, eram puxados por touros! Risada… Seguiram-se as explicações apropriadas. Alguma coisa ficará.

É com a simbiose antitética entre Guerra e Paz que inicio o blog do mês de Dezembro. Apreciemos a candura e a suavidade, com que o lugre Guerra II desliza na calmaria pacífica, inspiradora, reflectora, espelhenta, das águas lagunares…

Segundo o Catálogo A Frota Bacalhoeira – Navios de pesca à linha, editado pelo MMI. em Maio de 1999, o lugre de madeira Guerra II foi construído em 1919 na Figueira da Foz por Sebastião Gonçalves Amaro para a Empresa Nunes, Guerra & Cª Lda., de Ílhavo. Participou nas campanhas de 1922 a 1930. Foi vendido à Parceria Geral de Pescarias Lda., Lisboa, para a campanha de 1933, passando a ter o nome de Corça.

Após a campanha de 1936, foi vendido à Companhia Transatlântica Lda., Porto, onde terá passado a ser o Granja, já com motor instalado. Participou nas campanhas de 1937 a 1939 e efectuou viagens de comércio, em 1940.
Naufragou em 1941, nos baixios a norte do Cabo de São Francisco, Terra Nova, quando se dirigia a portos da Terra Nova para carregar bacalhau seco.

Guerra II, Corça, Granja, que dança de nomes e de armadores…o que acontece, com frequência.

Sempre que procuro alguma imagem para ilustrar um artigo, detenho-me nesta. Que belo veleiro, espelhado em tão tranquila ria…Tem a elegância de manequim, em passerelle, ao exibir todo o seu velame. Hoje, foi o eleito para editar, pensando naqueles leitores que o desconheçam e que passem a gostar tanto dele como eu.


O Guerra II a reboque…s/d



Pressupõe-se que entra a reboque, auxiliado pelo pano, envergando, no gurupés, a giba alta, bujarrona, vela de estai e polaca.

No mastro do traquete, enverga o traquete latino e a estênsula de proa ou do traquete.

No mastro grande, enverga a vela grande e a estênsula de ré ou do grande.

No mastro da mezena, a mezena. É bem visível o amantilho da retranca, onde se notam os forros de sainete.

Tem cá um sainete, este lugre, no seu mostruário de velame!

Fotografia – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 1 de Dezembro de 2008

Ana Maria Lopes


2 comentários:

fangueiro.antonio disse...

Boa noite.

Sem dúvida um veleiro belíssimo, tal como a maioria destes tempos, mas este teve alguma sorte extra e ficou numa bela foto. Na minha colecção de fotos, tal como a Drª Ana Maria, também me detenho numa meia dúzia delas mais especiais, como uma do lugre "Silvina", do "Orion" ou do velho "Novos Mares".
Escrevi sobre o "Guerra II" no meu blog em 14-11-2007, acerca de um episódio que se passou com o Albino "algarvio" numa campanha de pesca, quando o lugre já se chamava "Granja". Esta história está descrita na obra de Bernardo Santareno "Nos Mares do Fim do Mundo". Reza assim o seu início:

"Foi no Granja, um velho lugre de três mastros, ao que me dizem já desaparecido. O Albino "algarvio" era o bobo do veleiro: não havia ninguém na companha, desde os moços de convés até aos oficiais da ponte, que não gostasse de "molhar a sopa".
Uns puxavam-lhe a camisola, outros tiravam-lhe o barrete e todos o feriam com graçolas pesadas, achincalhando-o com alcunhas e risos destemperados. O Albino ia sofrendo em silêncio...(...)

O resto da história poderão encontrar na obra de B. Santareno ou no artigo que escrevi.

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

J.pião disse...

BOA noite Fangueiro um bém haja Dra Ana Maria os nossos comprimentos .Estou com sorte ,pois todos os dias vou lendo maravilhas,estou encantado com tudo isto ,quém me manda a mim gostar tanto do mar ,e de tudo que dis respeito ao mar!.Dra Ana Maria ,por acaso a Sra não me faria o favor de dizer se o Sre,Capitão pascual ainda está entre nós? E se sim éra bóm, porque eu fui pescador no Novos Mares de 67 a69 e o Sre capitão chegou a filmar quando os botes vinham carregados ,eu lembro-me de ele me filmar ,eu vinha carregado só bacalhau dentro do bote ,tinha passado o çesto do trol ,a vela o remo sobressalente em fim tudo só ficou o batedouro para esgotar agua eu e os dois remos de résto estáva mar chão e calma branca em plena groenlandia, éra daqueles dias que toda gente podia ir ao mar,e o Sr Capitão não me deixou atracar sem filmar ,eu é que não estáva nada contente porque a marólia do navio ancorado quase me põs no fundo ,e o Sr. C apitão disse-me nunca apontei mals de tres quintais e meio a ninguem ,más como tú, ainda náo vi quem carregasse tanto !.Portanto levaste tres e sete!.O Sr capitão julgo eu que ainda terá esse filme ó fotografias ...sem mais comprimentos e obrigado ...sou jaime pontes de caxinas