domingo, 13 de junho de 2021

De "Guerra II", a "Corça" e a "Granja"

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O lugre “Guerra II” desliza na calmaria pacífica, inspiradora, reflectora, espelhenta, das águas lagunares… Que belo veleiro, reflectido em tão tranquila ria… Tem a elegância de manequim, em passerelle, ao exibir todo o seu velame.

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O “Guerra II” a reboque…
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Segundo o Catálogo “A Frota Bacalhoeira – Navios de pesca à linha”, editado pelo MMI. em Maio de 1999, o lugre de madeira “Guerra II” foi construído em 1919 na Figueira da Foz por Sebastião Gonçalves Amaro para a Empresa Nunes, Guerra & Cª Lda., de Ílhavo, tendo participado nas campanhas de 1922 a 1930. Foi vendido à Parceria Geral de Pescarias Lda., Lisboa, para a campanha de 1933, passando a ter o nome de “Corça”.

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O lugre “Corça”
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Após a campanha de 1936, foi vendido à Companhia Transatlântica Lda., Porto, onde terá passado a ser o “Granja”, já com motor instalado. Participou nas campanhas de 1937 a 1939 e efectuou viagens de comércio, em 1940.

Naufragou em 1941, nos baixios a norte do Cabo de São Francisco, Terra Nova, quando se dirigia a portos da Terra Nova para carregar bacalhau seco.

Notícia do jornal “O Ilhavense» de 1 de Agosto de 1941 relata que, “por telegrama de Manuel São Marcos, capitão do lugre “Granja”, à proprietária deste navio, Sociedade de Pesca Transatlântica, naufragou, no domingo, dia 20, devido ao nevoeiro, nas proximidades do cabo de S. Francisco, junto à Costa da ilha da Terra Nova, aquele barco, que, em 30 de Junho havia largado de Lisboa, com carregamento de sal para aquelas paragens, a fim de trazer para Portugal um carregamento de bacalhau. O “Granja, que, ultimamente, não tem ido à pesca do bacalhau, empregou-se durante muito tempo no transporte de encomendas para os prisioneiros de guerra, entre Lisboa e Génova.

Na sua última viagem, tinha estado prestes a naufragar perto do estreito de Gibraltar, tendo ainda perdido dois dos seus tripulantes.

Além do ilhavense Sr. Manuel São Marcos que o comandava, o piloto, Jorge Fort’ Homem, e toda a restante tripulação está a salvo, devendo ser repatriada nos primeiros navios que venham daquelas paragens”.

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O lugre “Granja”
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“Guerra II”, “Corça”, “Granja”, que dança de nomes e de armadores…o que, acontecia, com frequência.

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Ílhavo, 13 de Junho de 2021

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Ana Maria Lopes

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