A propósito de
um escrito de Senos da Fonseca, no FB, relativo à Gafanha da Gramata, depois da
Maluca e, por fim da Encarnação – veio-me à cabeça um capítulo da minha vida
escolar em que também tem lugar a Escola Primária da Gafanha da Encarnação.
Vou para a Costa
Nova desde que nasci, sempre para a mesma casa.
O
bonito palheiro…
Antes de ter a
arquitectura actual, era um bonito palheiro de rés-do-chão em adobe, com
varanda, o terceiro da Calçada Arrais Ançã (lado sul), a partir do actual Largo
da Marisqueira, de onde se usufrui uma paisagem inebriante e mutante, de dia e
de noite, ao amanhecer e ao entardecer. Era esta a vista da minha casa, até
1973, inserida num horizonte sem fim.
Mota
actual – 1942
Com o aterro
parcial da laguna (seria necessário?), foi-me roubada.
Costa-Nova dos
meus encantos!!!!! Adeus bateira Namy
atracada ao moirão multicolor, em
frente a casa! Adeus serventia do embarcadouro da barca! Adeus travessia para a «Bruxa». Adeus pesca ao caranguejo da
muralha com fio, pedra ou concha e uma lasquita de bacalhau! Também passaram à
história as belíssimas atracações da barca,
ao perto, em dias de nortada ou de inverno, com marola forte e vento rijo, não
sei se à Labareda nem se não. Mas lá que eram bonitas, certeiras e arrojadas,
eram.
Era
este o cenário em 1973…
Mas, voltando à
história, frequentei a 1ª e 3ª classes da Escola Primária, nesta linda praia,
entre ria e mar situada.
Foi minha
professora a Senhora D. Palmira, de quem guardo gratas recordações, bem como de
algumas colegas que ainda hoje reconheço.
O «lugar» para a
Escola Primária que frequentei foi criado em 1930, na então Avenida Boa-Vista,
a norte.
Um belo dia, a
Senhora Professora informou a minha Mãe que eu, com 5 anos, chegava demasiado
cedo à escola. Gostava sempre, antes das aulas de ir ver o mar. Vem de longe,
esta tendência…
Chegado o final
do ano lectivo de 1950-51, o exame da 3ª classe estava à porta. O meu primeiro
exame. E onde fazê-lo? Tinha de ser na Escola da Gafanha da Encarnação
Sempre que lá
passo, me lembro.
Escola
da Gafanha da Encarnação em 1959
Claro, tínhamos
que ir de barca, à vara, tão calmo
estava o dia de Julho, e, a pé, até à escola. Vestido novo… toda enfeitada.
Uma nova escola,
novos professores, novo ambiente…algum nervosismo.
O texto que me
saiu em sorte foi «A libelinha e as folhas de nenúfar». Correu bem e, no final,
bom resultado.
Voltámos. A
minha Mãe e Avó esperavam-me…com ansiedade. A sua menina a chegar do primeiro
exame… e de barca!!! Quem se gaba do
mesmo?
Um pequeno
percalço, no regresso: escorregou-me um lápis novinho em folha, costado abaixo
e enfiou-se debaixo dos pesadões paneiros
da embarcação.
Por mais que
pedisse, lamuriosa, ao barqueiro, ele não se compadeceu da minha pena. Será que
um insignificante lápis merecia o trabalhão de levantar um ou dois paneiros da grande barca?... Lá ficou, mas não me esqueci…
O que
interessava é que estava na 4ª classe, com as férias à porta…
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Mota – Cliché João Telles
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Restantes fotografias – Arquivo
pessoal da autora
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Ílhavo, 28 de
Maio de 2017
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Ana Maria Lopes
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