segunda-feira, 16 de março de 2015

Postais da Costa Nova - 2

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Ainda o Bico…

Os postais, que ultimamente têm surgido em alfarrabistas sobre a Costa Nova, não trazem propriamente nada de novo, mas deixam-nos visualizar cenas que nunca tínhamos presenciado antes, com tanto pormenor.
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Porventura, um pouco a norte do Bico, com a Senhora da Maluca, na banda de lá, como cenário, desenrolam-se várias cenas de trabalho, que passamos a listar.
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Em primeiro plano, pescadores descalços, de ceroulas atadas e de camisa lisa ou sarapintada, de bonés ou barrete negro tradicional, de borla na ponta, sentam-se à beira-ria, sobre uma rede da chincha que, entretanto, com agulha de rede, cuidam e remendam. São notórios os pandulhos usados na tralha dos chumbos, em primeiro plano, e as pandas, flutuantes, na tralha oposta.
A sua bateira chinchorra, ancorada, possivelmente com toldo enrolado, com varas e cabos, apetrechada, aguarda-os para a faina lagunar.
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De passagem, dois moliceiros, norteiros, com tudo a que têm direito, embelezam e completam a cena.
Numa bolina suave, auxiliada pela vara, homens-moliceiros aproveitam para, com os ancinhos trilhados entre tamanca e forcada, «raparem os cabelos verdes da ria».
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Um autêntico quadro de Raul Brandão.
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Ílhavo, 16 de Março de 2015
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Ana Maria Lopes
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1 comentário:

Anónimo disse...

Eis aqui, mais uma pérola etnográfica, das muitas com que a Drª Ana Maria não cessa de nos brindar.
Quanto à bateira, tão do agrado desde os meus olhares de menino, julgo saber que a Norte, foi aqui em Vila do Conde, que se estabeleceu uma espécie de fronteira geográfica, até onde esta tipologia de embarcação se expandiu.
Aproveitando o ensejo, gostava de saber se a Sul teria sido até Setúbal.
Cordiais saudações marinheiras,
Al bino Gomes