terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma janela para o sal - V

-
A dar molhaduras…
 
Ainda na preparação da marinha, se cura, se arreia, se deixa morrer ou se ugalham as praias numa tomada de águas novas para bom sal produzir.
-
E é com sentido e com querer que as tarefas se cumprem – ritmadas, repetidas, esforçadas e precisas.
-
E é numa entrega total, num consolo que alenta estas almas crentes de homens valentes, que colaboram de sol a sol, que a marinha ganha vida.
- 

 
Entre neblinas matinais, ei-los prontos para a jornada, homens do sal!
Ugalhar é necessário!
-
Ó marnoto, que estás nessa praia salgada, leva teu moço e, em uníssono, «cantem» os mesmos movimentos, atirem essa água velha contra o ugalhadoiro.
-
-
 
 
Moço laborioso, tostado e habilidoso, que, em movimentos lépidos, lanças água para lá...  borrifando e respingando como que se de uma dança de águas se tratasse.
 
E é com sabor a maresia no rosto que te refrescas e atiras essas águas, usando teu ugalho, de baixo para cima, e repetes e repetes…essas molhaduras. E que bem que o fazes!
 -
 -
Equilibristas natos correm pelas travessas e com precisos movimentos braçais, de cima ugalham. Puxam com esforço redobrado essas águas frias da manhã, que lhes correm pelos pés,  engelhando-os.
Nota – Para esclarecimento de linguagem técnica, consultar GLOSSÁRIO de Diamantino Dias.
 
Imagens | Paulo Godinho | Anos 80
-
13 | 06 | 2013
-
Texto | Etelvina Almeida |Ana Maria Lopes
-