Último
registo de 2012…
Teve lugar no passado dia 11 de Dezembro de 2013, na Orfeu-Livraria Portuguesa de Bruxelas, a
apresentação do livro Faina Maior. A Pesca do Bacalhau nos Mares
da Terra Nova, da autoria de Francisco Correia Marques e de Ana Maria
Lopes, publicado pela primeira vez em 1996 e reeditado em 2011 pela Associação
de Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo. A apresentação esteve a cargo do Dr.
Fernando José Correia Cardoso, Assessor Jurídico na Direcção-Geral «Assuntos
Marítimos e Pescas» da Comissão Europeia.
A apresentação consistiu em três partes distintas, assim
se tendo proporcionado um enriquecimento do âmbito desta iniciativa.
Previamente, foram divulgadas algumas notícias relativas ao trabalho que tem
vindo a ser desenvolvido no quadro do Centro de Investigação e Empreendedorismo
do Mar do Município de Ílhavo e do Museu Marítimo desta cidade.
Na primeira parte da apresentação, foram apontados os
dados biográficos dos Autores, salientados alguns pontos do Prefácio e
realçados, entre outros, os seguintes aspectos do conteúdo do livro: a
estrutura da obra, com um historial condensado da actividade até aos anos
cinquenta do século passado e com elementos muito precisos sobre as operações
de pesca e respectivas condições (aparelhamento dos navios e dos espaços a
bordo; verificação das condições de navegabilidade; preparativos da pesca;
alimentação a bordo; condições atmosféricas; actividade das mulheres; evolução
tecnológica dos navios). Trata-se, no seu conjunto, de descrições muito
coloridas, eivadas de um estilo realista, com apontamentos muito humanizados e
uma observação extremamente perspicaz de todos os elementos materiais e
simbólicos. Além disso, pode denotar-se uma escrita relativamente «codificada»,
pela utilização de expressões próprias da actividade, que transportam o leitor
para uma ambiência particular. Daí o grande interesse do Glossário incluído na parte final do livro.
Na segunda parte foram avançados, de forma geral,
elementos relativos à caracterização do sector da pesca no contexto da economia
nacional e ao lugar que, nesse enquadramento, reveste hoje esta espécie
piscícola, o bacalhau, tão apreciada no nosso País, em termos de fluxos
comerciais, de processamento industrial, de inovação de imagem e de consumo. E
foi também mencionado que muitos outros povos consomem hoje, e em grandes
quantidades, esta espécie, para depois se indicar dois grandes factores
diferenciadores a nível nacional: o apuramento da técnica de secagem e a
extraordinária inventiva, não igualada, da gastronomia.
Na terceira parte foi desenvolvida a tese das «três sagas
do bacalhau»: a saga do passado, a do presente e a do futuro. Desde logo,
poderá afirmar-se que todas são percorridas por um elemento comum e constante
constituído pela tripla realidade «produção – transformação/comercialização –
consumo». Em relação à primeira, ela fica extremamente bem documentada no livro
que foi apresentado. No que diz respeito à segunda, referiram-se os aspectos
ligados à complexa teia de negociações internacionais necessárias à obtenção de
possibilidades de pesca, bem como as relações que, no âmbito do comércio
internacional, determinam os fluxos de importação e de exportação. A terceira
passará por uma afirmação crescente das mais-valias a incorporar na qualidade e
imagem do produto e pela conquista de nichos de mercado exigentes, associando
um produto de alta qualidade ao 'saber-fazer' português. E passará ainda por
uma ligação fecunda, que já se vem a verificar, entre as instâncias de
investigação científica e o mundo empresarial no sentido de descobrir caminhos
de diversificação em termos de utilização do produto em diversas áreas de
actividade (nomeadamente a medicina e a biotecnologia).
Depois da apresentação houve um debate que se revelou
muito profícuo e esclarecedor, tendo em conta a qualidade das contribuições
efectuadas. Finalmente, teve lugar um cocktail
com produtos confeccionados à base de bacalhau. Além disso, esteve patente uma
exposição bibliográfica. Esta exposição incluiu obras e documentação sobre as
diferentes facetas da actividade que incide sobre esta espécie: os aspectos da
história económica ligados à captura e à comercialização; o valor nutricional
da espécie; o aproveitamento em termos gastronómicos; as iniciativas de
valorização da imagem do produto (marketing
e merchandising).
A obra em apreço está à venda nas lojas do Museu Marítimo
de Ilhavo, do Museu de Marinha e do navio-museu Gil Eannes, em Viana do
Castelo, na Casa Garraio e na Livraria Ferin, em Lisboa e em algumas livrarias
de Ílhavo, Aveiro e Gafanha da Nazaré. O número de exemplares ainda disponíveis,
contudo, é já muito limitado.
Fotos de Friedrich W. Baier
Ílhavo, 30 de Dezembro de 2012
AML
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