segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O Matola - 1

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Era vulgarmente denominado matola, o barco moliceiro construído e usado na parte sul da Ria de Aveiro.
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No livro Moliceiros – A Memória da Ria, de Ana Maria Lopes, na pág. 63, pode ler-se que estes barcos eram construídos nos estaleiros dos Colaços de Portomar e de António Pimentel Loureiro e seu irmão João Pimentel Loureiro, por alcunha o Gadelha, nascido em 1912 no Seixo de Mira.
Hoje já não constrói, mas um seu filho que trabalhava com ele, Evangelista Santos Loureiro, nascido em 1944, estabelecido como construtor naval no Seixo de Mira, dedica-se sobretudo a bateiras e chatas para pesca.



Na traseira da Vista Alegre


Embora fosse possível estes moliceiros exercerem a sua actividade em qualquer zona da ria, era mais comum vê-los à vara ou à vela, arrastando os seus grandes ancinhos na Cale de Mira, desde as praias da Marinha Velha, Praião e Gramata, passando pela Costa Nova, Vagueira, Areão e Seixo de Mira.


Restos de um dos últimos matolas



Sendo muito parecidos com os moliceiros da Murtosa, saltava logo à vista uma principal diferença, por não terem as caras da proa e da popa decoradas.
Eram totalmente breados, tornando-se assim muito mais tristonhos aos olhos de quem os observava. Contudo na sua missão, eram tão capazes como os do norte e como eles bons de vela sendo muito frequente a competição quando seguiam nas suas grandes viagens para descarregar nas folsas de Vagos.
Além da cor, notava-se alguma diferença no lançamento da bica de proa mais alteada e na volta do papo que parecia um pouco mais alargada.
Pelas dimensões de registo que recolhemos, verifica-se que tinham normalmente menos um metro e meio de comprimento e quinze centímetros de boca. De pontal eram iguais aos seus irmãos do norte.
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Ao moliço, sem data


Para desenhar o seu possível plano de formas, utilizei além destas medidas, o maior número de fotografias que com a ajuda da boa amiga Ana Maria Lopes me foi possível observar. Além destes elementos, foi a nossa memória visual que nos deu a melhor ajuda para este trabalho.

(Cont).
Ílhavo, 16 de Janeiro de 2012

Fotos – do arquivo da autora do blog
Ana Maria Lopes
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4 comentários:

Marieke disse...

Sempre aqui a ler e aprender contigo ..Ana
Bom Ano

Ana Maria Lopes disse...

Obrigada, Maria. Bom Ano também para Ti, dentro do panorama que nos é apresentado. Ao menos saúde e boa disposição, que já é muitíssimo.

Sara Bandarra disse...

Fico sempre a saber coisas novas. Desconhecia estas embarcações. Obrigada.

JOLOBA disse...

Sou neta do João Pimentel Loureiro, já falecido. Gostei muito do que li e de saber que o trabalho do meu avô e bisavô são reconhecidos. O meu tio Evangelista Santos Loureiro continua activo na construção naval. Obrigada.