terça-feira, 19 de abril de 2011

Bateira de Recreio «NAMY» - 2

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Em 1943, nasci eu e fizeram grande desfeita à dona da embarcação. O meu Avô rebaptizara a bateirinha com o nome da neta – NAMY (Ana Maria), que não pegou à nova proprietária.

Em documento oficial comprovativo do seu cancelamento, por más condições de segurança, em 10.7.1985, tive conhecimento exacto das suas dimensões – comprimento, 4.90 metros, boca, 1.14 m. e pontal, 0.30 m – e que tinha sido adquirida na Secção náutica do Clube dos Galitos, por 200$00.
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Em 22 de Setembro de 1946, mais uma vez, foi concorrente das Regatas da Senhora da Saúde, na 3ª corrida das caçadeiras, com Maria Isabel Duarte Silva como timoneira e Ruy Peixe, aos remos, segundo o jornal da nossa terra (20. 9. 1946).


Vaz Velho, Alcina Cachim e Manuela Vilão


E assim começámos como as moçoilas do tempo da minha Mãe a usufruir da ria de um forma directa e saudável, como hoje não é possível.

Algumas inovações: passeios até à Biarritz com aproveitamento de marés, banhocas reconfortantes, mergulhos da proa, travessias até à Bruxa a nado, com apoio da bateira ou a remo e tudo o mais quanto a imaginação nos despertasse fazer.

O Zé Maria Vilão e eu

No parecer de Alberto Souto, pelos anos 30, estas aprimoradas bateiras eram encomendadas pelos capitães dos antigos lugres de Ílhavo para que os filhos pudessem usufruir dos prazeres da ria, quando, em férias, na Costa Nova.
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Era eu quem a amoirava com frequência, enfiando a argola de ferro no colorido moirão frente à casa de Verão. Tempos em que se recolhia, a nado!!!!!


Em segundo plano, a NAMY amoirada – Postal dos anos 60


Já casada e mãe do primeiro filhote, saboreámos os três os prazeres de uma maré viva, cheiinha, transbordante, reflectida, em que os roliços remos de forqueta cortavam a água espelhada.

(Cont.)

Ílhavo, 19 de Abril de 2011

Ana Maria Lopes
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3 comentários:

Etelvina Almeida disse...

Adoro a forma como narra os acontecimentos da sua vida relativos às maravilhosas embarcações da Ria. Através deles transporto-me para esse passado, que a avaliar pelas descrições me parece tão saudoso.
Abraço,
Etelvina Almeida

Anónimo disse...

Complemento aos nossos comentários de 11 de Abril...Belíssima fotografia (mais uma!...).Ao meio, a esplanada do "Casino"Beira Ria,onde um dia vi chegar o Professor Egas Moniz,no seu Rolls-Royce (está no Museu do Caramulo...)sentar-se na esplanada,e tomar um chá,com as suas luvas pretas de cetim (que escondiam as deformações radiológicas nas mãos...)e regressar pela Barra,que nessa altura não havia estrada para a Vagueira.(Ia-se de barco,como uma vez o mestre Mónica nos levou,no "Eneida"a beber uma laranjada na (única) taberna da Vagueira...)Cumprimentos,"kyaskyas"

Ana Maria Lopes disse...

Caro Conterrâneo:

Mais uma vez obrigada pelo seu vivido comentário, onde acrescenta uns dados curiosos acerca da personalidade que foi Egas Moniz.