segunda-feira, 26 de abril de 2010

História de um moliceiro...


Era uma vez um moliceiro…o ALFREDO REBELO.
A. 2161. M.Foi a última construção do Mestre Henrique Lavoura, em Outubro de 1986, no tosco e exíguo estaleiro em que trabalhou durante uma vida, em Pardilhó.



Memória do estaleiro de Henrique Lavoura…

A decoração dos seus painéis foi também a última decoração de Jacinto Vieira da Silva, que, entretanto, faleceu, prematuramente e que constituía uma promessa na galeria flutuante que tem sido a Ria…
Seu dono, um tal António Rebelo, de alcunha o Papa Lamas – os principais intervenientes da acção.



Construtor e dono ultimam a embarcação…

Assisti com entusiasmo à sua construção, decoração e bota-abaixo de que por aqui vou dando testemunho, para contar as suas memórias aos mais novos…



Penetra nas calmas águas da laguna…



Teve uma vida genuína de moliceiro, inicialmente, dedicado à árdua tarefa de apanha e transporte do moliço na ria de Aveiro. Participou igualmente em várias Regatas da Ria e do S. Paio da Torreira, sofreu as amanhações necessárias à sua manutenção e conheceu diversas decorações.
Com o fim anunciado, a sua praça de armamento era a Bestida.
O moliço, deixou de existir, e o estado de degradação ditava-lhe a sorte.

Ontem, ao visitar as instalações onde um Senhor Vítor, Caneira (de alcunha), na Gafanha do Carmo, restaura embarcações, encontrei-o, em campo aberto, ao ar livre, para fazer uma valente reparação. Tinha mudado de terra, de dono e iria mudar de vida.
Adquirido pelos proprietários de Empresa Turística com sede na Gafanha da Nazaré, que opera no Canal Central de Aveiro, iria passar a passear turistas nos canais da cidade ou em ria aberta, pelo Canal de Mira. Veremos o seu destino, após a grande reconstrução.

O último painel de proa


O painel que agora apresenta, degradado, datado de 2006, com forte aplauso ao Luís Figo só se pode reportar ao último Mundial de Futebol e terá sido obra de José Manuel de Oliveira.
Não esqueçamos que os barcos têm alma e pensemos se se irá dar bem com o novo rumo.

Fotografias – Cedência de Paulo Miguel Godinho, anos 80, com excepção da última
Ílhavo, 26 de Abril de 2010
Ana Maria Lopes

2 comentários:

Etelvina Almeida disse...

São histórias como estas que merecem ser contadas e "recordar é viver".

Este "barco tem alma" ... e vai voltar a navegar!

Abraço,
Etelvina Almeida

reimar disse...

Cara amiga,

Este seu empenho em dar a conhecer as embarcações, presentes e ausentes da ria de Aveiro, facultando elementos informativos e identificativos, merece o meu profundo reconhecimento.
Sabe que pode sempre contar com a minha gratidão pelo seu dinamismo e entusiasmo.
Reinaldo Delgado