Toda a nossa atenção é pouca. É necessário estarmos atentos a muitos pormenores. Pare ele, parece que tudo é feito mecanicamente.
Cada estaca é espetada no sítio certo, cada nó é dado no sítio certo; só a arte, a perícia, a destreza de quem pratica estas acções ininterruptamente no tempo, há cerca de sessenta e cinco anos, o justificam.
Aos dois primeiros espaços de rede branqueira, colocados, verticalmente, entre três varas, dá-se o nome de arinques. A seguir, sempre, verticalmente, entre varas, seguem-se os cinco adagues.
Entra o salto em cena, rede também de três panos, aérea, mas apenas com tralha de chumbo, que fica por cima dos 5 adagues. Fixa também em varas colocadas mais altas, com uma inclinação de 35 a 45 graus, relativamente à superfície da água.
Talvez este esquema ajude quem não assistiu, em directo, à montagem de uma das mais engenhosas artes da ria de Aveiro.
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Terminados os cinco adagues, o Ti Manel inicia o lançamento à tona de água de uma rede singeleira (de um só pano), também chamada peixeira, rabeira ou rede de cerco, já que a sua função é cercar e conduzir o peixe até à parte central da rede, que passa por fora das quatro varas primeiramente espetadas e que pode flutuar, junto à praia.
Está montada a arte.
Entretanto, o Ti Manel começa a bater na água, com uma vara, em movimentos certos, fortes e ritmados para afugentar o peixe em direcção ao salto.
Aí, a sombra da rede, o bater da vara, fazem-nas saltar de susto e eis que caem na armadilha, armada fora da água.
O primeiro peixe preso…
(Cont.)
Costa-Nova, 16 de Agosto de 2009
Ana Maria Lopes
4 comentários:
Muito interessante, como sempre. A leitura permite quase estar no local e assistir a tudo...
Bela descrição e óptima ilustração.
Ficamos a aguardar a continuação... ou a conclusão!
Mas... ou eu muito me engano ou isto vai dar livro! Ai vai, vai!!!
Conserve o entusiasmo e a inspiração para continuar a entrevistar e a divulgar.
Os meus parabéns
JR
Palavras para quê?
É uma escritora nata, com um conhecimento aprofundado da arte de cativar o leitor, deixando-o sempre expectante!
Parabéns.
Martins
Boa tarde meus Senhores ,mais uma vês não deixo de escrever um comentário sobre este blogs e sua escritora BEM-HAJA ,a Senhora vai sempre descobrir o que muitos não conseguem ou o que a muitos passa ao lado!
Artes de pesca antigas artezanais ,que valor tém hoje???
Para muitas pessoas Doutoradas se calhar nada ,mas ainda bem que temos esta e outras pessoas como a Doutora Ana Maria que nos trás estas descobertas e que eu pescador reformado muito ademiro para alem da arte em si tambem a maneira de falar ,mas isto é pura cultura que se deve preservar ...
cumprimentos Jaime Pontes
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