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Moliceiro "São Salvador"
– nos Canais de Aveiro
Assisti ao nascimento do moliceiro São Salvador,
em 2010, em Pardilhó, no estaleiro
do Mestre António Esteves. Que alegria… mais um, em tempo de penúria… destinado
à Junta de Freguesia com o mesmo nome, em Ílhavo.
Só que o seu destino não lhe viria a trazer grandes
augúrios, porque a manutenção de um moliceiro, hoje, em dia, fica muito cara
Passou por alguns momentos altos dentre os quais
saliento a participação nas regatas de 2012
e 2013, às mãos do hábil arrais
da Torreira Marco Silva, velejador
de têmpera rija.
Em 2014, já
não participou. Dava sinais de decadência, sempre “enterrado” na Folsa dos
Coquins.
A decisão da Junta de Freguesia, devido aos custos de
manutenção, foi levá-lo a hasta pública, que, pela 2ª vez, se concretizou, em
Maio de 2015.
Tendo sido salvo por outras mãos (não sei pormenores), acabou por ter sido comprado pela amiga Maria Emília Prado Castro. Muito bem tratado e mantido, era o seu enlevo. Formou-se um grupo de amigos/as que não faltava aos passeios organizados. Não houve romaria lagunar setembrina, em que o “São Salvador” não tivesse estado presente, durante vários anos, bem como nas regatas então existentes.
Agora, entro eu na história. Em 2022 – o Mestre Zé Manel, pintor, teve a ideia de decorar o painel da proa, BB, do referido moliceiro, com a minha figura, com a anuência da amiga Maria Emília. O último passeio que fiz nele, foi nesse mesmo ano, para inauguração da nova decoração. Navegava em ria aberta, sempre que possível, à vela, desde a Torreira à Vagueira, à “Bruxa”, chegando a sair a barra, numa bela tarde de Outono, aproando na dita praia velha do Farol.
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O tempo passa, as coisas acontecem e, há cerca de dois meses, soube, que o moliceiro “São Salvador” tinha sido comprado por empresa turística de Aveiro. Esteve na Ribeira do Nacinho para restauro, mas os painéis, porque estavam bons, mantinham-se. Bem, outra vida, outro rumo…. Vou passar a navegar, a motor, sem mastro nem vela, nos Canais de Aveiro. E assim é. Pessoa amiga foi "cuscar" e, sabendo qual o cais em que atracava, teve a sorte de o ver, passeando turistas. Até quando? Não sei… Deus dirá…
Se andarem por Aveiro e reconhecerem a minha “fronha”,
num painel de um moliceiro, de cabelo branco, não se assustem, sou mesmo
eu. Talvez, alguma vez, vá dar uma voltinha, não sei…
Costa Nova, 21 de Agosto de 2025
Ana Maria Lopes
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