segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Rota de Passageiros

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O mercantel foi a barca, por excelência, de transporte de passageiros, a partir do século XV, entre os diversos centros urbanos, entre os quais não havia ligações terrestres. Inês Amorim, in Aveiro e sua Provedoria no século XVIII, refere um extenso número de locais onde havia barca da passagem – Serém, S. João de Loure, Lamas do Vouga, Pessegueiro do Vouga, Almiar, Óis, e Aguada, isto no interior dos rios. No litoral, para lá da carreira Ovar-Aveiro, refere Soza e Pedricosa. O último mercantel construído pelo Mestre Lavoura, em Pardilhó, para serviço, foi em 1973. Em 2001, o Mestre Esteves, também de Pardilhó, construiu o último mercantel tradicional, para exibição na Sala da Ria do Museu Marítimo de Ílhavo. De Aveiro para Ovar e vice-versa, havia carreiras diárias de mercantel, durante a noite, que eram das mais importantes, custando o preço da viagem Ovar-Aveiro, a quantia de 100 réis. Como a viagem era longa e pouco confortável, mesmo à chuva e ao frio, de Inverno, havia quem alugasse a proa, por um preço mais elevado, se ainda não estivesse reservada.

Com irregularidades no cumprimento de horários e preços tão elevados, o Governador Civil de Aveiro (em 1854) chegou mesmo a intervir no assunto.

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Algures, na ria, com passageiros

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Com saída de Ovar, em 1843, havia diversos fretes de mercantel, com destino à Torreira, a S. Jacinto, a Aveiro, a Águeda e à Costa Nova, sendo este de ida e volta, com preços diversos, em estação alta e baixa, bem mais elevados que a barca da carreira.

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Transporte lagunar, em Aveiro, século XIX
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Claro que a curta travessia, que nos meus tempos de rapariga me era mais familiar era a passage da Costa Nova para a Gafanha da Encarnação e respectivo regresso. Tendo frequentado a escola primária, à época (em 1951), na, então, 3ª classe, na Costa Nova, até o exame me obrigou a ir prestar provas à Gafanha da Maluca, de barca. Que satisfação! E com que saudade o recordo!

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Costa Nova. A nova MOTA. 1942

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Não quero concluir sem referir que os mercantéis chegaram a transportar passageiros reais:

A rainha D. Maria II, aquando em visita ao norte do país, deslocou-se do Carregado (Ovar) a Aveiro, com o seu séquito, em cinco mercantéis, primorosamente decorados, em 23 de Maio de 1852.

Foi também em mercantel feito bergantim real, que D. Manuel II, em 1908, em visita a Aveiro, se passeou, em visita à barra, conforme documentam as fotografias da época, in D. Manuel II e Aveiro, de Armando Tavares da Silva, publicado em 2007.

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Ílhavo, 18 de Dezembro de 2023

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Ana Maria Lopes
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