Mais uma vez, aproveitando a onda dos modelos, tentei o amigo MS a miniaturizar a maior embarcação da laguna, e, eventualmente, uma das mais antigas (das maiores), que ainda faltava na sua colecção.
Acedeu com gosto à minha proposta e aproveitou, para base de trabalho, o barco mercantel, construído pelo Mestre António Esteves de Pardilhó, em 2001, que a Sala da Ria do MMI exibe.
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Tirou minuciosamente os seus apontamentos, por meados de Maio, estando pronto de casco, em bruto, em fins de Agosto. Pintura e vela, concluiu-as até agora, meados de Outubro.
E fotografá-lo tão dignamente como merecia? Sem estúdios, nem condições profissionais, nada como ir ao terreno e dar-lhe a provar o sabor da água da Ria.
Aproado na borda, espera a carga
Lá fomos até à Praia dos Tesos, no Jardim Oudinot, com todo o cuidado, fazer os «clichés» que nos aprouve. Abicou à borda e a suave aragem outonal encheu-lhe o pano, a nosso agrado.
E o Marintimidades não podia deixar de acolher este senhor da Ria.
Refere Marques da Silva:
Completada a pesquisa que efectuei acerca das bateiras da Ria de Aveiro, entendi que esse trabalho ficaria valorizado se, para termo de comparação de dimensões e formas, efectuasse um levantamento rigoroso do barco mercantel ou saleiro.
Aproveitando a oportunidade de ter na sala da Ria do Museu Marítimo de Ílhavo um magnífico exemplar destes barcos, recolhi em óptimas condições todas as medidas e pormenores de construção, necessários ao trabalho que me propunha executar.
Tal como fiz para as bateiras, desenhei com rigor um plano de formas do casco e um plano vélico, de modo a ter possibilidade de construir um modelo completo, seguindo as regras usadas pelos construtores, aplicando a escala de 1/25, como tinha feito para as anteriores.
Utilizei balsa para o fundo e madeira de choupo para os costados. Para o cavername, roda de proa, cadaste e bancadas, serrei ramos de limoeiro. No mastro, verga e varas, apliquei ramos de ameixieira. Na vela usei pano de algodão e nas ferragens do leme e na fateixa, arame de cobre.
Como acabamento apliquei bondex no costado e tinta branca nas caras de vante e de ré. A cobertura da casa da proa, a draga, a cinta e a porta do leme, pintei-as com tinta preta sem brilho e espalhei serradura fina nos locais adequados, simulando o que era costume fazer para dar aderência aos pés do barqueiro quando trabalhava com as varas.
Pormenor do interior da proa
(Cont.)
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Ana Maria Lopes
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1 comentário:
Magnífico!
Um trabalho de qualidade já característico do Srº Capitão Marques da Silva. Um barco mercantel a juntar às bateiras da Ria e ao barco molicero - uma familia completa.
Um bem haja por este trabalho.
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