Nazaré. Anos 60
Homens e crianças varam um barco do candil, ao cair da tarde; mais ao longe, homens e mulheres de crianças ao colo, alam a característica rede da neta.
Era uma Nazaré pobre, mas autêntica. Alavam-se redes e varavam-se embarcações de dia e de noite.
O movimento era ininterrupto.
Esta Nazaré era um alforge de imagens para consagrados fotógrafos estrangeiros, onde colhiam “clichés” que já não encontravam noutra parte do mundo.
Homens e mulheres empurram o barco para o mar
Escreve Álvaro Garrido, em folheto sobre a exposição Fora de Bordo, patente no MMI, espécie de lugar de síntese do ’mar português’, a Nazaré foi o laboratório favorito dos fotógrafos que vieram e voltaram, transmitindo a outros, com certeza, que certas imagens só se podiam ali fazer. Nos anos cinquenta e sessenta, as enseadas e praias de pescadores portuguesas eram lugares de vida e de morte, de conflito e de sobrevivência, espaços de fronteira habitados por tipos humanos que a modernização das pescarias já fizera desaparecer noutras paragens do ‘mundo desenvolvido’. Daí, talvez, a representação visual de sentido exótico que releva de várias fotografias, o privilégio atribuído às mulheres, aos velhos e crianças que em diversas se nota e, noutras ainda, a construção de imagens de tipo naturalista que nos mostram o mar como cenário e as suas gentes como personagens típicas de um certo imaginário etnográfico.
Também de outros pontos do nosso litoral vamos passar a apresentar imagens da mesma época, que consideramos dignas de divulgação.
Imagens – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 19 de Julho de 2011
Ana Maria Lopes
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2 comentários:
Sem dúvida, um belo arquivo fotográfico!
Tempos que o tempo acabou ,realmente esta pesca de largar a rede e depois puxa-la para terra a força de braços era muito antiga,depois já era puxada por conjuntos de bois e mais tarde por tractores ,então dizem que é arte xávega ,pois que muito antiga e assim ainda existe na nossa costa Portuguesa esta arte de pesca agora mais modernizada !
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