Então, o que mais me impressionou?
O ambiente lúgubre e escuro criado, a meu ver, apropriado ao ambiente que pretende retratar.
Os painéis expositivos são apresentados continuamente, em andares diversos, separados por escadas metálicas, que simulam o interior de um navio. Bancos de convés, criteriosamente colocados, permitem o descanso dos visitantes e a observação rigorosa das peças.
O ruído de fundo imita o barulho surdo das caldeiras a vapor, que, pela força da rotina, se deixa de ouvir!
Sempre que possível, há um apontamento referente aos passageiros, donos das peças em exibição:
- objectos íntimos, desde óculos, lorignons, lâminas e pincéis da barba, botões de punho, alfinetes de senhora e outras jóias mais requintadas;
- peças de vestuário, desde meias, papillons, um casaco de empregado de mesa, uma cartola de tecido acetinado;
- peças do próprio navio, como ornamentos luminosos, um querubim de bronze, suportes metálicos de bancos de convés, candeeiros em pêndulo, sinos que deram o alarme do acidente, telégrafo da casa das máquinas, telefones com altifalantes, megafone com que o Capitão Smith terá dado a última ordem para abandonarem o navio, coletes salva-vidas, manivelas de turco, etc…
- entre os objectos de cozinhas e diversas salas de jantar, conforme as classes, podiam apreciar-se grandes caçarolas e panelas, peças de louça e as tais “pratarias” decorativas funcionais, que englobavam os serviços de faqueiros.
Ainda nos foi dado observar garrafas de champagne, néctar da melhor qualidade, garrafas de cerveja e botijas de cerâmica.
Se citasse tudo, a enumeração seria infindável.
E o mito das “ditas colheres do Titanic” que, por Ílhavo existem, continua.
Exactamente iguais às que conheço, apenas com a estrela relevada da WSL, no cabo, só agora me foi dado observar.
Além das colheres de sopa, também de doce, garfos de servir, de dentes tremidos e concha de sopa, em plaqué, com o mesmo motivo.
Curioso! Os bilhetes de acesso à exposição são uma cópia fiel do acesso à viagem inaugural do barco, com o preenchimento de dados do/a passageiro/a.
Já que estava disponível, escolhi o bilhete de Millvina Dean, a última sobrevivente do naufrágio, que, há meses, morreu num lar de Southampton, com 97 anos de idade, a 97 anos da data do acidente. Como a sua morte sucedeu com a exposição já montada, o bilhete ainda não tinha actualizado o seu desaparecimento..--------------------------------------------------------------
A recriação da cena do iceberg, que pretende ser a mais forte, nem sempre é bem conseguida. No entanto, ao tocar a frigidez da falsa parede gelada, percebemos quão frias estavam as águas do Atlântico Norte, na noite do afundamento do Titanic, provocando muitas mortes por hipotermia, além do pânico e do afogamento. Fui informada de que a Exposição está patente ao público, ainda durante todo o mês de Agosto. Se puderem, não deixem de visitar!
Imagens – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 31 de Julho de 2009
Ana Maria Lopes
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