sexta-feira, 31 de julho de 2009

E o mito do Titanic continua... II



Então, o que mais me impressionou?

O ambiente lúgubre e escuro criado, a meu ver, apropriado ao ambiente que pretende retratar.
Os painéis expositivos são apresentados continuamente, em andares diversos, separados por escadas metálicas, que simulam o interior de um navio. Bancos de convés, criteriosamente colocados, permitem o descanso dos visitantes e a observação rigorosa das peças.
O ruído de fundo imita o barulho surdo das caldeiras a vapor, que, pela força da rotina, se deixa de ouvir!
Sempre que possível, há um apontamento referente aos passageiros, donos das peças em exibição:

- objectos íntimos, desde óculos, lorignons, lâminas e pincéis da barba, botões de punho, alfinetes de senhora e outras jóias mais requintadas;
- peças de vestuário, desde meias, papillons, um casaco de empregado de mesa, uma cartola de tecido acetinado;
- peças do próprio navio, como ornamentos luminosos, um querubim de bronze, suportes metálicos de bancos de convés, candeeiros em pêndulo, sinos que deram o alarme do acidente, telégrafo da casa das máquinas, telefones com altifalantes, megafone com que o Capitão Smith terá dado a última ordem para abandonarem o navio, coletes salva-vidas, manivelas de turco, etc…
- entre os objectos de cozinhas e diversas salas de jantar, conforme as classes, podiam apreciar-se grandes caçarolas e panelas, peças de louça e as tais “pratarias” decorativas funcionais, que englobavam os serviços de faqueiros.
Ainda nos foi dado observar garrafas de champagne, néctar da melhor qualidade, garrafas de cerveja e botijas de cerâmica.
Se citasse tudo, a enumeração seria infindável.

E o mito das “ditas colheres do Titanic” que, por Ílhavo existem, continua.


Exactamente iguais às que conheço, apenas com a estrela relevada da WSL, no cabo, só agora me foi dado observar.


Além das colheres de sopa, também de doce, garfos de servir, de dentes tremidos e concha de sopa, em plaqué, com o mesmo motivo.
Curioso! Os bilhetes de acesso à exposição são uma cópia fiel do acesso à viagem inaugural do barco, com o preenchimento de dados do/a passageiro/a.


Já que estava disponível, escolhi o bilhete de Millvina Dean, a última sobrevivente do naufrágio, que, há meses, morreu num lar de Southampton, com 97 anos de idade, a 97 anos da data do acidente. Como a sua morte sucedeu com a exposição já montada, o bilhete ainda não tinha actualizado o seu desaparecimento..--------------------------------------------------------------
A recriação da cena do iceberg, que pretende ser a mais forte, nem sempre é bem conseguida. No entanto, ao tocar a frigidez da falsa parede gelada, percebemos quão frias estavam as águas do Atlântico Norte, na noite do afundamento do Titanic, provocando muitas mortes por hipotermia, além do pânico e do afogamento. Fui informada de que a Exposição está patente ao público, ainda durante todo o mês de Agosto. Se puderem, não deixem de visitar!
Imagens – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 31 de Julho de 2009

Ana Maria Lopes

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4 comentários:

  1. Sempre atenta... Com pormenores que escapam a muitos.

    Cumprimentos

    Fernando Martins

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  2. Boa noite ,como sempre a Senhora está em forma e vai nos dando dados que não é possivel a qualquer um encontrar ,embora seja do conhecimento geral mais e menos este horroroso acontecimento mas da sempre jeito ler algo que escapa a muito boa gente !
    Bem-Haja Doutora um bom fim de semana até uma proxima ...Jaime Pontes

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  3. Boa tarde, Doutora.

    Parabéns pela qualidade do Blog.
    Utilizo este suporte porque não consegui o seu e-mail.

    Sou António Carlos Carvalho, natural da Gafanha da Nazaré (família Pinto Reis) onde vivi até aos 20, mas o rumo da vida fez-me aportar no interior do país. No entanto ando, de uns meses (muitos) a esta parte, a tentar iniciar-me/envolver-me ou devolver-me a este mundo do Mar e da Ria, dos barcos, da navegação e da construção naval em madeira (basicamente faz-me muita falta o sal da água :)). Fui ao MMI, à procura de informação sobre os barcos da Ria de Aveiro e adquiri o livro do Capitão Marques da Silva sobre a construção de um moliceiro. Mais tarde penso em tentar...

    No entanto, Sei que o barco Vouga é originário da "nossa" Ria mas não lhe encontrei qualquer referência. Quando questionei a assistente da biblioteca, ela sugeriu que talvez a doutora pudesse ter algumas informações sobre o barco.
    Gostaria de saber se considera possível combinar algum encontro para conversarmos sobre o assunto.

    Tudo o que sei sobre o barco, da qual estou a tentar construir um modelo 1:5, foi-me fornecido pelo proprietário do Almagrande, que me disponibilizou todas as fotos da sua construção.

    Por coincidência, soube no museu, que o capitão Marques da Silva vai construir uma réplica da bateira cuja construção está exposta na sala da Ria. Acha possível acompanhar e tentar ajudar nesta construção.

    Se decidir ajudar-me Por favor utilize o endereço quintadacarvalha@sapo.pt ou o nº de telefone 936794299.

    Muito obrigado
    ACC

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  4. Parabéns pelo seu blogue. O que mais me marcou na exposição do "Titanic" foi confirmar que a maior percentagem de mortos no naufrágio se verificou na 3ªclasse e na tripulação..
    Impressionante também constatar que, quase 100 anos depois, ainda se nota o cheiro das âmpolas de perfume recuperadas.
    Saudações

    João Coelho

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