São Jacinto, 5
de Outubro de 2014.
Em plena romaria do primeiro fim-de-semana de Outubro, sentada no murete de uma
fonte frente à Capela da Senhora das Areias, alinhavo estas linhas, antes que a
memória me atraiçoe. Além de tudo, tem mais sabor…
Com
algum sacrifício, alvorei cedo, para, no «Pardilhoense», atravessar para S.
Jacinto – percurso frente à entrada da Barra, sempre mágico e nostálgico.
Apesar
de não ser perita em hagiologia – longe disso –, preocupei-me com a
identificação correcta dos santos, nos seus andores, superlativamente decorados
com alguns frutos e flores distintas: antúrios rosa, brancos, verdes, vermelhos,
botões de rosa de cores diversas, gladíolos, esterlitzias, gerberas,
malmequeres, verduras variadas, etc., etc., etc.
Depois
da Eucaristia dominical festiva, na característica capela hexagonal
(posteriormente ampliada), assisti à formatura da procissão, este ano com um
percurso mais complexo, devido a obras na marginal.
A
Banda dos Bombeiros Voluntários de Estarreja na sua musicalidade compassada,
abria o cortejo eclesiástico, logo seguida, caso curioso, de uma miniatura do barco do mar N. S. das Areias,
endeusada em andor. Recordaria as «companhas da arte», que laboraram em S.
Jacinto no século XVIII, antes de se transferirem para a Costa Nova do Prado,
após a abertura da Barra, em 1808.
O
estralejar do foguetório anunciava a saída, indiciada por diversos estandartes,
em chão pontilhado de plantas verdejantes e pétalas de rosa, que mostravam a
rota da procissão, que tem sempre uma paragem obrigatória frente às «Portas de
Armas» da Base Aérea Militar. Aí se dá o encontro entre as duas divindades – a
Senhora do Ar, padroeira dos aerotransportados, vem saudar a Senhora das
Areias, orago de S. Jacinto.
Senhora do Ar
Senhora das Areias
Ao
mesmo tempo, enquanto anjinhos e santinhos «ao vivo» se divertiam à brava,
brincando com os seus «bonecos/meninos», um sacerdote pregava o sermonário,
numa varanda arredondada, enfeitada de colgaduras adamascadas, coloridas, no
redondo que dá para a base militar e para a ria.
A saudação
Como
romaria lagunar que é, o elemento água não podia faltar.
Uma
simbólica largada de pombos homenageia o elemento ar, como meio ambiente
libertador da terra, em direcção à independência cerúlea do céu. Vivas, palmas
e chuviscos de pétalas de flores completaram a saudação, em ambiente religioso
e tradicional.
Chamaram-me
a atenção aquelas divindades que me são menos familiares – o S. Pedro Velho.
De
grande chave na mão direita, será ele que nos abrirá a porta do céu?
S. Pedro Velho
S. Miguel Arcanjo, com a balança justiceira,
era suportado devotamente por militares.
S. Miguel Arcanjo
São
Jacinto, pouco visto, segura ao colo a Senhora das Areias, tendo esta nos
braços o Menino Jesus. Que paternalismo e que cruzamento de santidades…
São Jacinto
Depois
de demorado almoço em restaurante da marginal, ao sabor de brisa suave, fizemos
em grupo, uma incursão pela «ditas» tendas. De tudo se vendia, com ordem e
organização – desde brinquedos, chapelaria, atoalhados, calçado, lingerie, até à doçaria tradicional,
frutos secos, queijos e enchidos de toda a espécie.
Fumeiro Regional de Lamego
À
tarde, no largo da capela, ressaltava um ambiente festivo tipicamente popular,
animado por um conjunto com música ritmada, melodiosa e animada, que não nos
estourava os tímpanos. Dava vontade de acompanhar o ritmo, enquanto
escrevinhava o relato.
Outros
«romeiros», entretanto, bebiam cerveja fresquinha ou uma ginjinha, enquanto
saboreavam pão com chouriço ou pão na pedra. Novidade?
E
o bailarico da praxe prolongava-se tarde adentro.
É
que até o tempo pactuou com a romaria, que encerrou a «rota das festividades
lagunares». Não esteve de excessos.
O
sentimento religioso e a fé deste povo das areias reflecte-se como se mostrou
no fervor presente nas procissões.
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Imagens
da autora do blogue e do amigo J. Colaço (São Jacinto).
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S.
Jacinto, 5 de Outubro de 2014
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Ana Maria Lopes
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belo trabalho
ResponderEliminarAo "lê-la" revi todo o ambiente e senti essa alegria que descreve.
ResponderEliminarUm dia bem passado, em ambiente festivo à beira-ria.
Obrigada!
Quando eu for grande, eu quero escrever assim!!! Lindo, D. Ana Maria! Li, encantada, do príncipio ao fim! Estive em s. Jacinto no Domingo,
ResponderEliminarObrigada, cara Sílvia. É dos seus olhos... Não nos encontrámos na reinação. Foi pena...
ResponderEliminarPosso colocar este texto (não as fotos), com a devida menção da autora e do blog num slideshow que fiz?
ResponderEliminarAgradeço e enviarei o mesmo. Abraço!
Teresa Soares
Olá:
ResponderEliminarPode, sim, Teresa, com prazer.
Abraço.
Ana Maria