A memória do lugre Gazela sempre me fascinou. Não é por acaso.
Conheço já vários escritos sobre o Gazela Primeiro, mas este será mais um, que talvez acrescente algo.
O meu Avô Pisco fora o seu segundo capitão. Gostei de o saber, em 1978, quando me veio às mãos a brochura THE GAZELA PRIMEIRO, publicada nos Estados Unidos da América com a cooperação do Museu Marítimo de Filadélfia. Foi esta a página que me deu a conhecer tal facto:
Os capitães do Gazela Primeiro
O Gazela era um lugre-patacho de madeira, construído em 1883, em Cacilhas, por J. A. Sampaio, reconstruído em 1900 em Setúbal por José M. Mendes.
Propriedade da Parceria Geral de pescarias, sofreu em 1938, uma adaptação e um reforço à popa, com o fim de lhe ser instalado um motor-auxiliar; entre 1959 e 1960, suportou, de novo, uma reconstrução de casco e aparelho (arte redonda) nos estaleiros de Mestre Manuel Maria Mónica, na Gafanha da Nazaré. Efectuou a última viagem aos bancos da Terra Nova em 1969. Tendo sido adquirido pelo Museu Marítimo de Filadélfia em 1971, ainda navega sob pavilhão dos Estados Unidos, agora sob a tutela de um grupo de Amigos.
Chamavam-lhe Gazela Primeiro, Gazela, Gazelão, Gazelinha, numa linguagem terna e afectuosa de quem lá andou e dele tem saudades.
Na cidade de Ílhavo, desde sempre, os armadores de navios vieram encontrar os oficiais mais sabedores e dedicados às artes de navegar, a quem entregavam o comando das suas unidades na certeza de que estavam nas mãos de profissionais experientes e esforçados.
Propriedade da Parceria Geral de pescarias, sofreu em 1938, uma adaptação e um reforço à popa, com o fim de lhe ser instalado um motor-auxiliar; entre 1959 e 1960, suportou, de novo, uma reconstrução de casco e aparelho (arte redonda) nos estaleiros de Mestre Manuel Maria Mónica, na Gafanha da Nazaré. Efectuou a última viagem aos bancos da Terra Nova em 1969. Tendo sido adquirido pelo Museu Marítimo de Filadélfia em 1971, ainda navega sob pavilhão dos Estados Unidos, agora sob a tutela de um grupo de Amigos.
Chamavam-lhe Gazela Primeiro, Gazela, Gazelão, Gazelinha, numa linguagem terna e afectuosa de quem lá andou e dele tem saudades.
Na cidade de Ílhavo, desde sempre, os armadores de navios vieram encontrar os oficiais mais sabedores e dedicados às artes de navegar, a quem entregavam o comando das suas unidades na certeza de que estavam nas mãos de profissionais experientes e esforçados.
Capitães do lugre-patacho Gazela Primeiro:
1899 – Paulo Fernandes Bagão
1901 – Paulo Fernandes Bagão, até 1917 inclusive.
1918 – O navio não foi aos bancos.
1919 – Manuel Simões da Barbeira (Capitão Pisco)
1920 a 1923 – João Pereira Ramalheira
1924 – Aníbal da Graça Ramalheira
1925 e 1926 – João Pereira Ramalheira Júnior
1927 a 1929 – Aníbal da Graça Ramalheira
1930 e 1931 – Manuel Fernandes Pinto (Bóia)
1932 – Sílvio Ramalheira
1933 a 1936 – José Gonçalves Vilão
1937 a 1940 – Francisco da Silva Paião
1941 a 1943 – Augusto dos Santos Labrincha
1944 a 1948 – Armindo Simões Ré
1949 – João Simões Chuva (o Anjo)
1950 e 1951 – José Teiga Gonçalves Leite
1952 a 1957 – João Fernandes Matias
1958 a 1964 – António Marques da Silva (o navio em 1959 não foi aos bancos, por causa da reparação)
1965 a 1968 – José Luís Nunes de Oliveira (Codim)
1969 – Aníbal Carlos da Rocha Parracho
A naturalidade de Paulo Fernandes Bagão não a conseguimos apurar e António Marques da Silva, nascido em Lisboa, vai sendo cada sendo cada vez mais ilhavense, pelos afectos.
1901 – Paulo Fernandes Bagão, até 1917 inclusive.
1918 – O navio não foi aos bancos.
1919 – Manuel Simões da Barbeira (Capitão Pisco)
1920 a 1923 – João Pereira Ramalheira
1924 – Aníbal da Graça Ramalheira
1925 e 1926 – João Pereira Ramalheira Júnior
1927 a 1929 – Aníbal da Graça Ramalheira
1930 e 1931 – Manuel Fernandes Pinto (Bóia)
1932 – Sílvio Ramalheira
1933 a 1936 – José Gonçalves Vilão
1937 a 1940 – Francisco da Silva Paião
1941 a 1943 – Augusto dos Santos Labrincha
1944 a 1948 – Armindo Simões Ré
1949 – João Simões Chuva (o Anjo)
1950 e 1951 – José Teiga Gonçalves Leite
1952 a 1957 – João Fernandes Matias
1958 a 1964 – António Marques da Silva (o navio em 1959 não foi aos bancos, por causa da reparação)
1965 a 1968 – José Luís Nunes de Oliveira (Codim)
1969 – Aníbal Carlos da Rocha Parracho
A naturalidade de Paulo Fernandes Bagão não a conseguimos apurar e António Marques da Silva, nascido em Lisboa, vai sendo cada sendo cada vez mais ilhavense, pelos afectos.
O Gazela em árvore seca - anos 50
O Gazela Primeiro parece que, na realidade, sempre fora tão de Ílhavo como da Parceria Geral de Pescarias. Os restantes catorze capitães são todos ilhavenses.
Há pouco, através da imprensa, soube que o Presidente Ribau Esteves, em visita ao navio, testemunhou que tencionava poder trazê-lo até cá, incorporado ou não, numa regata. Pois, oxalá consiga os seus intentos, já que nem todos os ilhavenses têm possibilidade de o ir visitar.
Há uns dias também me entristeceu saber pelo blog de António Fangueiro, CAXINAS…de “Lugar” a Freguesia, no post de 27 Novembro de 2008, que o ex-bacalhoeiro Argus, mítico
navio bacalhoeiro da frota portuguesa, imortalizado por Alan Villiers na viagem de pesca que fez nele em 1950 e sobre a qual escreveu A Campanha do Argus, se encontra, desde há vários meses, apresado num porto da ilha de Aruba, próximo da costa da Venezuela, à espera de uma decisão. Entretanto, vai-se degradando.
Ao que parece, ninguém tem interesse no navio, ex-Polynesia, devido ao seu avançado estado de degradação, proveniente de inúmeros anos sem manutenção.
Portanto, nunca é demais divulgar os lugres que estão bem preservados… como é o caso do Gazela Primeiro.
(Cont.)
Fotografias – de Friedrich W. Baier, amavelmente cedidas pelo Capitão Marques da Silva e arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 5 de Dezembro de 2008
Ana Maria Lopes
Finalmente saiu-se com o "Gazela"!
ResponderEliminarO mais bonito de todos, em minha opinião, influenciado talvez por ter por lá passado muitos meses (antes da idade escolar), quando amarrado na Azinheira, entre as campanhas da pesca. O meu Pai foi tripulante deste bonito navio durante vários anos, e recordo-me perfeitamente, nesses tempos, do seu comandante, o capitão Armindo Ré.
Visitei-o muito mais tarde em Philadélphia, numa marina pertença do Museu dessa cidade, muito bem tratado e conservado exactamente de acordo com a sua traça original.
Obrigado por me ter trazido tão boas recordações.
E, já agora, os meus sinceros parabéns por este dia. Que tenha pela sua proa muitos mais oitos de Dezembro, com saúde e disposição para continuar a pesquisar e nos trazer ao conhecimento e à memória boas recordações dos navios e do mar.
E, não esqueça; a partir de hoje pode usar o combóio com maior comodidade !!!
O meu abraço de Parabéns.
JR
Neste Natal levei uns vídeos relativos à pesca do bacalhau para oferecer ao meu pai e entre eles alguns do Gazela a navegar este ano pelas bandas da América. Um amigo da família, tripulante em 5 navios bacalhoeiros que via as fotos e filme connosco ia comentando "de rajada" os quintais que cada dóri trazia, a sopa da chora, a baixa de St. John´s e quando sugiu o Gazela... "Ah, este só levava uns 30 pescadores, era pequeno". Eu ia-me rindo em silêncio no outro lado da sala, pois apesar do comentário parecer depreciativo, notei-lhes a admiração que tinham por este navio com o qual se cruzaram ainda uns poucos anos até 1969.
ResponderEliminarEstavam admirados por ver o navio em tão belo estado e a navegar, quando o tinham visto pela última vez há 40 anos.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt