Para mim, os meses de Outubro e Novembro foram de uma guerra saudável, sadia e salutar. Algo cansativa, mas enriquecedora, em todos os aspectos.
Depois do Regresso do Litoral, por que não propor, a mim própria, uma paz e uma calma também salutares, enquanto preparo, com carinho, esta quadra natalícia para os meus netos?
Convém transmitir experiências e saberes, pode-se fazer tarde, mesmo que, por agora, não me prestem grande atenção. Mas curioso, o Manel, ao “apreciar” a contracapa do livro, comenta: Ó Avó, que giro, os barcos, dantes, eram puxados por touros! Risada… Seguiram-se as explicações apropriadas. Alguma coisa ficará.
É com a simbiose antitética entre Guerra e Paz que inicio o blog do mês de Dezembro. Apreciemos a candura e a suavidade, com que o lugre Guerra II desliza na calmaria pacífica, inspiradora, reflectora, espelhenta, das águas lagunares…
Segundo o Catálogo A Frota Bacalhoeira – Navios de pesca à linha, editado pelo MMI. em Maio de 1999, o lugre de madeira Guerra II foi construído em 1919 na Figueira da Foz por Sebastião Gonçalves Amaro para a Empresa Nunes, Guerra & Cª Lda., de Ílhavo. Participou nas campanhas de 1922 a 1930. Foi vendido à Parceria Geral de Pescarias Lda., Lisboa, para a campanha de 1933, passando a ter o nome de Corça.
Após a campanha de 1936, foi vendido à Companhia Transatlântica Lda., Porto, onde terá passado a ser o Granja, já com motor instalado. Participou nas campanhas de 1937 a 1939 e efectuou viagens de comércio, em 1940.
Naufragou em 1941, nos baixios a norte do Cabo de São Francisco, Terra Nova, quando se dirigia a portos da Terra Nova para carregar bacalhau seco.
Guerra II, Corça, Granja, que dança de nomes e de armadores…o que acontece, com frequência.
Sempre que procuro alguma imagem para ilustrar um artigo, detenho-me nesta. Que belo veleiro, espelhado em tão tranquila ria…Tem a elegância de manequim, em passerelle, ao exibir todo o seu velame. Hoje, foi o eleito para editar, pensando naqueles leitores que o desconheçam e que passem a gostar tanto dele como eu.
Pressupõe-se que entra a reboque, auxiliado pelo pano, envergando, no gurupés, a giba alta, bujarrona, vela de estai e polaca.
No mastro do traquete, enverga o traquete latino e a estênsula de proa ou do traquete.
No mastro grande, enverga a vela grande e a estênsula de ré ou do grande.
No mastro da mezena, a mezena. É bem visível o amantilho da retranca, onde se notam os forros de sainete.
Tem cá um sainete, este lugre, no seu mostruário de velame!
Fotografia – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 1 de Dezembro de 2008
Ana Maria Lopes
Boa noite.
ResponderEliminarSem dúvida um veleiro belíssimo, tal como a maioria destes tempos, mas este teve alguma sorte extra e ficou numa bela foto. Na minha colecção de fotos, tal como a Drª Ana Maria, também me detenho numa meia dúzia delas mais especiais, como uma do lugre "Silvina", do "Orion" ou do velho "Novos Mares".
Escrevi sobre o "Guerra II" no meu blog em 14-11-2007, acerca de um episódio que se passou com o Albino "algarvio" numa campanha de pesca, quando o lugre já se chamava "Granja". Esta história está descrita na obra de Bernardo Santareno "Nos Mares do Fim do Mundo". Reza assim o seu início:
"Foi no Granja, um velho lugre de três mastros, ao que me dizem já desaparecido. O Albino "algarvio" era o bobo do veleiro: não havia ninguém na companha, desde os moços de convés até aos oficiais da ponte, que não gostasse de "molhar a sopa".
Uns puxavam-lhe a camisola, outros tiravam-lhe o barrete e todos o feriam com graçolas pesadas, achincalhando-o com alcunhas e risos destemperados. O Albino ia sofrendo em silêncio...(...)
O resto da história poderão encontrar na obra de B. Santareno ou no artigo que escrevi.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
BOA noite Fangueiro um bém haja Dra Ana Maria os nossos comprimentos .Estou com sorte ,pois todos os dias vou lendo maravilhas,estou encantado com tudo isto ,quém me manda a mim gostar tanto do mar ,e de tudo que dis respeito ao mar!.Dra Ana Maria ,por acaso a Sra não me faria o favor de dizer se o Sre,Capitão pascual ainda está entre nós? E se sim éra bóm, porque eu fui pescador no Novos Mares de 67 a69 e o Sre capitão chegou a filmar quando os botes vinham carregados ,eu lembro-me de ele me filmar ,eu vinha carregado só bacalhau dentro do bote ,tinha passado o çesto do trol ,a vela o remo sobressalente em fim tudo só ficou o batedouro para esgotar agua eu e os dois remos de résto estáva mar chão e calma branca em plena groenlandia, éra daqueles dias que toda gente podia ir ao mar,e o Sr Capitão não me deixou atracar sem filmar ,eu é que não estáva nada contente porque a marólia do navio ancorado quase me põs no fundo ,e o Sr. C apitão disse-me nunca apontei mals de tres quintais e meio a ninguem ,más como tú, ainda náo vi quem carregasse tanto !.Portanto levaste tres e sete!.O Sr capitão julgo eu que ainda terá esse filme ó fotografias ...sem mais comprimentos e obrigado ...sou jaime pontes de caxinas
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