sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

"Filinto - O poeta amargurado", no palco da CCI, esgotou a lotação

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Segundo o Diário de Aveiro de 2.2.2016, há 8 anos, foi perante uma casa cheia, ao final da tarde, que o Grupo de Teatro Ribalta estreou a peça «Filinto – O Poeta Amargurado». O espectáculo, que decorreu na Casa da Cultura de Ílhavo (CCI) e que é baseado num texto da autoria de Senos da Fonseca, surpreendeu o público presente, que reivindica, agora, por novas apresentações, noutras localidades da região ou do país.

A peça, que retrata a vida de Filinto Elísio – um dos mais importantes poetas do Neoclassicismo português e com raízes em Ílhavo (filho de pais ilhavenses) – contou com encenação de José Júlio Fino e subiu ao palco com o apoio da Junta de Freguesia de São Salvador.

Considero que as expectativas foram alcançadas, uma vez que já há agora muita gente a saber quem foi Filinto Elísio, destacou o autor Senos da Fonseca, depois da estreia da peça – não obstante o mérito das suas obras, o poeta foi caindo no esquecimento. Foi bonito o esforço de todos e a encenação foi excelente, frisou ainda o autor do texto, a propósito do trabalho conseguido pela equipa do grupo Ribalta.

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Esta imagem de uns carinhosos ílhavos seduziu-me…

E encantou-me…

Desde que conheci a peça de teatro, já pelo Verão de 2014, relativa à biografia de Filinto, manifestei uma especial predilecção pela jovialidade, pelo carinho, pelo romantismo, pela coragem das personagens deste I acto e pela linguagem extremamente bem utilizada, relativamente às manobras que conduziram o jovem par, numa singela bateira, até Lisboa, à procura de vida melhor e numa tentativa de se «pisgar» de Ílhavo, dada a gravidez prematura da Maria Manuel. Esta, saltitante, meiga e enamorada, abraçada ao pescoço do Manuel Simões, seu amado, saltitava entre a preocupação e a satisfação da vida que tinha dentro de si.

Com o amadurecimento nas subsequentes leituras, fui encontrando outras belezas textuais e interpretativas nos outros dois actos, correspondentes a fases distintas na vida do amargurado poeta.

Depois do segundo acto, todo palaciano e bem conseguido, pareceu-me que o terceiro se tornou um pouco mais pesado, apesar de surgirem uns laivos de comicidade, resultante da interpretação adequada de algumas personagens, que, intencionalmente, atenuavam a dureza do contexto.

Resultou muito bem a economia cénica de meios, como convinha, com a sobriedade e ligeireza com que os diversos cenários foram mudados.

O efeito de som e luzes também se tornou extremamente agradável ao olhar e ouvir dos espectadores, embevecidos e esforçados para captar o mais possível do espectáculo, em silêncio, entrecortado por aplausos.

O guarda-roupa, na sua simplicidade, mas bem adaptado à época e condição social das diversas personagens, esteve perfeito, bem como a maquilhagem.

Os artistas, além de amadores, jogaram «sem rede», pois o palco não tinha ponto e o texto, na sua diversidade, não era fácil.

O que achei menos bom foi a definição e o vigor de algumas vozes, por condição, sobretudo, femininas, que não estavam direccionadas para a plateia, como a encenação exigiria.

E onde foi mais notório este aspecto, pelo menos, tendo em conta a minha localização na sala, foi no I Acto. Mas, não foi por isso que desgostei menos dele.

Um par enamorado, apaixonado, perante uma gravidez anunciada, não grita, não clama, mas sussurra ternamente, numa voz doce e melíflua.

Crítica construtiva, como deve ser a de professora, que sempre me acompanha, além de outras profissões que fui tendo pela vida fora.

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Ílhavo, 2 de Fevereiro de 2016/2024

 

Ana Maria Lopes


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