domingo, 30 de agosto de 2020

Na Costa Nova, há 60 anos...

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Fim de Agosto. Domingo  bem  soalheiro,  mas ventoso. Não muito agradável. Mas, os turistas,  em  muito  menor  número do que em anos anteriores,  não abalam,  sem levar umas  fotos,  tendo  como   cenário,  os palheiros,  os   mais   apetecíveis. Os    famosos risquinhas! Os  proprietários deveriam passar a cobrar. Chegam a entrar nos terraços e a sentar-se nos bancos como que se  deles  fossem. E esta, hein?  Além dos  palheiros,  há casas bem bonitas e também carismáticas, nesta praia. E a Mota (actual turismo)? Nada, não vêem mais nada. 

Começo  a   aperceber-me   que  as   estreitas  vielas,   que  davam  e  ainda   dão  acesso às recoletas lhes começam  a interessar. E, vai daí, mais  uma “chapa”. Outros   recantos, também com encanto, mais lá para o sul, nem são visitados. Nem  o cais  dos pescadores, cenário também apetecível.

Penso e reflicto. Com 75 verões por aqui passados, não tenho uma imagem, uma que seja, com um palheiro, o meu eleito, como fundo. Ainda estarei em tempo de aproveitar? Talvez.

Na nossa juventude, tínhamos por hábito fazer sessões fotográficas, para o que nos aperaltávamos, feitas modelos, mas o que elegíamos?  A esplanada, a ria, com todas as embarcações tradicionais que ainda ia tendo, as varandas, a Biarritz, o movimento da romaria da Senhora a Saúde…  Mas um dos cenários eleitos, de que fiquei com algumas recordações, era mesmo o sul piscatório, interagindo com os pescadores que remendavam redes, preparavam aparelhos e outras tarefas necessárias ao seu dia a dia. Por vezes, uma visita também ao “barco do mar”, a dita arte xávega, assim apelidada, actualmente. Essa, por aqui, foi-se. Há muito que deixou de existir, desde os anos 50, do século passado.

As referidas fotos como documento, com as modelos, Manuela Vilão, Alcina Cachim Parracho e eu, com dois amigos de então.

 

 

A sul, as modelos e um pescador

 

Exibem a juventude, vestidos de preto 

 

Cena piscatória, ao sul


Na proa do “barco do mar” 

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Fotos da autora do blogue

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Costa Nova, 30 de Agosto de 2020

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Ana Maria Lopes-

domingo, 23 de agosto de 2020

A Costa Nova de ontem, em imagens

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Para que os mais novos recordem:

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A Mota (ancoradouro) da Costa Nova, em frente ao actual Café Atlântida. Ao fundo, o navio Desertas. Postal de 1919.

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Ao Norte da Costa Nova, variados tipos de embarcações, tendo, ao fundo, o navio Desertas. Em primeiro plano, um barco do mar pequeno, que o Ti João Catão tinha para alugar. Foto datada de 1919.

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Em dia de romaria, o sr. João do Rio observa o bando de moliceiros da balaustrada da Marisqueira antiga. Foto não datada, sempre até 1968.

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Duas barcas atracadas à Mota actual, num dia de calma esplendorosa. Cliché de João Teles, em 1942.

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Vista da Ria para a esplanada e casario, num reflexo exponencial. Cliché de João Teles, sem data, mas sempre entre 1934 e 1973.

 

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A Costa Nova com tudo a que teve direito: esplanada, chocolates da Regina, largo relvado, à direita, a esplanada da Pensão Malaca, o café Atlântida, o Chiadinho, o Hotel e Casino Beira-Ria, a minha casa que, outrora, fora palheiro, a Mota actual (desactivada), as barcas para travessia lagunar, a Marisqueira, a Pensão Gil, a Pensão José das Hortas, o antigo mercado e a Marisqueira antiga, no topo, derrubada entre 1968 e 1969, para seguimento da estrada rumo à Vagueira. Postal dos anos 50.

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Perspectiva da foto anterior, mas apenas, desde a Mota, até à referida Marisqueira antiga. Foto de finais dos anos 50.

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Um golpe fatal. Nasceu uma nova Costa Nova? Ou nem por isso? Foto de Agosto de 1973.

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Costa Nova, 23 de Agosto de 2020

Ana Maria Lopes

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Projecto DE NOVO NA TERRA NOVA

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Fez, no passado dia 9, 22 anos que o navio Creoula saiu para a Terra Nova, numa das missões mais expressivas que jamais cumpriu.

 

Regresso do antigo lugre aos mares da Terra Nova – in Jornal de Notícias de 9.8.1998

Canadianos e portugueses reaproximam-se

Creoula parte hoje para a Terra Nova – in Diário de Aveiro de 9.8.1998

 

Ílhavo «viveu» a partida do Creoula para a Terra Nova

O Presidente da República, Jorge Sampaio, no dia da largada do Creoula para a Terra Nova

Na tripulação segue grupo de jovens ilhavenses

Os votos são de boa viagem!... in O Ilhavense de 15.8.1998

Projecto De novo na Terra Nova junta Portugal e Canadá – in Diário de Aveiro de 15.8.1998

Assim se referem ao acontecimento alguns jornais da época. Muitos mais se lhe referiram.

Acudiram milhares de pessoas ao cais nº 10 do Porto bacalhoeiro da Gafanha da Nazaré, para viverem a saída do Creoula, com destino à Terra Nova. O Presidente da República, Jorge Sampaio, entre aquela massa humana, dirigiu-se ao navio para cumprimentar o Comandante, bem como todos os instruendos e Director de Treino de Mar, Capitão Francisco Marques, numa missão igualmente simbólica, já que havia sido o último Comandante do navio, enquanto lugre da pesca do bacalhau, no ano de 1973.

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Jorge Sampaio cumprimenta o Comandante do navio

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Também a Barra teve um movimento invulgar. A afluência ao Paredão e Meia-Laranja era fora de série. O NTM Creoula, de velas enfunadas, saía a Barra, relembrando as saídas dos antigos lugres com o mesmo destino. Só que a missão era bem diferente!


De velas enfunadas, saía a Barra
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Muitas embarcações de vários tipos acederam ao convite de acompanhar o antigo lugre-motor, dando à entrada da Barra um aspecto comovente e arrebatador.

Saída envolvente e arrebatadora… 

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Tendo vivido este projecto muito por dentro e acompanhado a viagem muito de perto, inclusive no Canadá, não quis deixar passar a data despercebida – vinte e dois anos são passados.

Patrícia Dole, Embaixadora do Canadá, à época, lançou a ideia desta viagem, que recebeu o apoio dos dois países.

Ao contactar a Associação dos Amigos do Museu de Ílhavo, encontrou nela uma forte aliada e, a partir daí, constituiu-se uma Comissão Executiva, sediada no  MMI, formada pela citada Associação, pela Universidade de Aveiro e pela C. M. de Ílhavo – assim se realizou o projecto DE NOVO NA TERRA NOVA.

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Fotos de Carlos Duarte

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Costa Nova, 19 de Agosto de 2020

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Ana Maria Lopes

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domingo, 16 de agosto de 2020

83º Aniversário do Museu Marítimo de Ílhavo

 

O Museu Marítimo de Ílhavo completou, no sábado passado, dia 8 de Agosto, 83 anos de vida e, como presente de aniversário, recebeu uma obra de João Vaz, intitulada “Forte da Barra de Aveiro”, oferecida pela Associação de Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo.

Sendo, agora, uma das mais valiosas peças da coleção, esta pintura a óleo sobre tela de 1913 (datação por aproximação estilística), retrata uma cena do litoral ilhavense e remete para a representação da Ria de Aveiro), um dos temas abordados pelo pintor aquando do périplo que fez no país. Nos próximos tempos, a obra pode ser apreciada no átrio do museu.-

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Fonte – MMI

Costa Nova, 15 de Agosto de 2020

Ana Maria Lopes

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quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O lugre Ilda


O lugre Ilda cujo construtor foi António Dias dos Santos, de Fão, em 1906, tinha uma arqueação bruta de 225,27 toneladas e 189,30, de arqueação líquida. Era pertença do armador Daniel Silva, de Angra do Heroísmo, com registo em Aveiro.

 O Ilda, de três mastros, não era bacalhoeiro, mas muita da sua tripulação, que se salvou, era de Ílhavo. Como o soube? Claro, pelo jornal O Ilhavense, de 19 de Agosto de 1934, em busca aturada que tenho vindo a fazer, com parcimónia.

Respigando a notícia: – «há perto de um mês desceu do ancoradouro da Gafanha para a boca da barra o lugre Ilda, propriedade do Sr. Daniel da Silva (…) que, por não poder sair, ali ficou aguardando o dia seguinte. Quando o seu capitão, António de Oliveira da Velha, procedia a manobras, verificou que o barco estava em seco.

Rebocado ora por um, ora por outro rebocador, no dia 13 do corrente mês (Agosto), conseguiu safar-se do banco de areia, tomando a direcção do mar. Quando ia na pancada da vaga, foi apanhado por um valente estoque de água que o arrastou para sul do Farol, onde encalhou».

Com um acesso fácil, através de escada improvisada, aos proprietários, tripulação e seguradores e, sempre que assim acontecia, era um tal arraial de voyeurs, em vaivém, para ver realmente visto aquilo que, de facto, acontecera.

O capitão, piloto, Sr. José Russo, e outros tripulantes, como já referi, oriundos de Ílhavo, foram salvos por barcos de pescadores, assim como a maior parte da carga constituída por sal, cal, louças e fósforos.

O navio estava seguro numa companhia inglesa por 110 contos, que tomou conta do barco e, em dias seguintes, fez a venda dos salvados em hasta pública.

E assim a acabou a romaria à Barra, pelo menos sem perdas de vidas humanas. E logo em Agosto!...

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Fotografias – Arquivo Digital de Aveiro.

Costa Nova, 13 de Agosto de 2020

Ana Maria Lopes-