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Ontem numa frígida noite
de 14 de Janeiro, em que o Museu Marítimo de Ílhavo anunciou o programa de
eventos comemorativos do seu octogésimo aniversário (com o seu ponto alto a 8
de Agosto), a Associação dos Amigos do Museu de Ílhavo (AMI) teve o prazer de
enriquecer a colecção de pintura, que, desde há três anos, se exibe em sala
apropriada para o efeito, – o melhor dos nossos maiores e não só…. temas
marítimos ou lagunares, dentro de determinadas correntes que se consideram essenciais
na colecção.
Este ano, nos seus 80 anos, o que lhe
teríamos reservado? Um achado…uma pérola… que vinha enriquecer o espólio museal.
Aqui atrasado, foi a
leilão no Palácio do Correio Velho, uma aguarela intitulada Marinha,
de pequena dimensão, 12,5 cm. x 25,5 cm, assinada por T. Mello, não datada. O preço não era assim muito ousado, até
porque o suporte apresentava leves sinais de pigmentação, fáceis de atenuar,
por restaurador perito.
Marinha
de T. Mello
Marinha
pode
designar muita coisa, mas, neste caso representava duas bateiras ílhavas, na praia, muito provavelmente, em Cascais, com
alguns pescadores ílhavos. Depois de
observar o quadro, on-line, o
entusiasmo apoderou-se de mim. Parece que tinham sido feitas de encomenda. As
«nossas tão faladas ílhavas», de uma beleza, elegância e cromatismo
extraordinários. Que belíssimo bocado de papel aguarelado documental!....
Depois de umas
peripécias leiloeiras, a aguarela era pertença do MMI, pelas «mãos» da AMI.
Ao vê-la ao vivo, os
olhos caíram-me nela e dela não se queriam distanciar. Todo o conjunto –
aguarela, passepartout e moldura eram
trespassadas por uma patine
encantadora, que o tempo confere aos documentos.
T.
Mello (Thomaz de Mello) foi um autor luso-brasileiro,
nascido no Rio de Janeiro, em 1906 e falecido em Lisboa, em 1990.Viveu quase toda a vida
entre Cascais e Sintra, tendo-se dedicado a vários meios gráficos, desde a
pintura ao desenho, passando pela BD, caricatura e tapeçaria, estudados pelo
crítico de arte José Augusto França. Pertenceu à segunda geração de pintores
modernistas.
Ílhavo, 15 de Janeiro
de 2017
Ana
Maria Lopes
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Mais uma excelente oferta dos AMI para o nosso Museu. É uma bela prenda neste início do ano do seu octogésimo aniversário. Aos poucos, as "ílhavas" vão fazendo a sua quase perdida história. Parabéns pela tua intervenção no processo e por este bonito post.
ResponderEliminarSó uma pequena correçao - o autor desta aguarela foi Thomaz de Mello Junior, pintor naturalista que atravessou grande parte da segunda metade do sex. XIX, contemporâneo do notável marinhista setubalense João Vaz e, como ele, um dedicado pintor de paisagens e vida dos povos do litoral. Tomaz de Mello TOM foi, de facto, um artista plástico (nascido no Brasil) e um interessante autor do corrente modernista portuguesa (os pequenos bonecos em madeira ainda hoje fazem as delicias dos colecionadores). Lembro-me da sua loja no Chiado entre o Teatro de S. Carlos e o edifício do Governo Civil de Lisboa. A similitude do nome dos autores tem levado a algumas confusões, mas as obras e a época em que as produziram foram muito diferentes.
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