domingo, 6 de outubro de 2013

Uma janela para o sal - VI

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A circiar
E a dureza do trabalho continua nesta fase de preparação...
 
Na marinha, moço e marnoto «rolam» pelas praias já secas, descalços e arregaçados pelo esforço de tão árdua tarefa, a de circiar.
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É preciso alisar e calcar o solo já duro e seco, curado...
 
Depois de tantas molhaduras, de tantos banhos de águas velhas e novas, escavações, enchimentos e alisamentos de vieiros, eis finalmente a «pedra de toque», a compactação que dará provas da consistência do solo.
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Homem das marinhas, recortado nessa imensa planície de água e terra, é pelo fresco da manhã que caminhas, em posição esforçada, pelos vieiros já duros, empurrando esse pesado cilindro.

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Entre barachinhas em cutelo, de mãos firmes nas hastes, em quícios encaixadas, circias vezes sem conta, para nivelares, compactares e impermeabilizares esse chão que pisas e que BOM SAL PRODUZIRÁ.
 

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Marnoto, que percorres o solo salgado, bem suado e alisado, só tu crês no dia em que dele brotará o branco cristal que alimento te dará.
Nas moeiras te apoias e impulsionas o roliço rolo de madeira, num vaivém interminável...
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A passo cadenciado e ritmado, olhos fixos no cilindro que te endurece os membros e te cansa a alma... prossegues embalado, por esse chão duro, acamado e cimentado do trabalho.
 
Nota – Para esclarecimento de linguagem técnica, consultar GLOSSÁRIO de Diamantino Dias.
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Imagens | Paulo Godinho | Anos 80
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17 | 06 | 2013
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Texto | Etelvina Almeida |Ana Maria Lopes
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