sábado, 10 de julho de 2010

Volta a Regata da Ria - Julho 2010


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Cerca de uma dezena (11) de barcos moliceiros (cinco réplicas não são moliceiros) voltaram, hoje, a colorir as águas da Ria, numa regata que tem sido uma referência nos eventos náuticos da região. Surge integrada nas Festas da Ria e além da C.M. de Aveiro, contou também com o apoio da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro.
A partida foi da Torreira, cerca das 14 horas e a chegada aconteceu em Aveiro, junto da antiga lota, por volta das 17.

Ainda bem que ela se vai mantendo, mas, hoje, pela pouca quantidade de barcos e pelo pouquíssimo entusiasmo de participantes e espectadores, temo que deixe de o ser. Até as embarcações participantes, após a chegada, se exibiam, no Canal Central, de mastros arriados! Os mastros, vistos de longe, já se impunham e marcavam presença!!!

A situação económica que actualmente se vive afecta tudo! Ainda têm sido estas regatas que têm aguentado o barco moliceiro, com tudo aquilo a que tem direito e em toda a sua plenitude e elegância. As embarcações, em crescimento, dedicadas ao turismo, que nos é dado observar diariamente no canal de Aveiro, com as alterações a que são obrigadas por variadíssimas razões, sobejamente conhecidas, poderão ser tudo, menos barcos moliceiros autênticos. Os festões de plástico colorido, que exibem entre as bicas da proa e popa são de gosto duvidoso e lembram romarias minhotas enxovalhadas. Talvez para atenuar a falta do mastro e vela? Não, não conseguem!

A imagem que imortalizou o barco, de cisne deslizante, pelas águas calmas da ria, desapareceu.

Na Revista Costa Nova, CMI, 1932


Oxalá que, um dia, as entidades competentes não se venham a arrepender…da leveza de decisões que vêm tomando, relativamente a esta adulteração, que entristece e angustia. São outros tempos e outras conjunturas económico-sociais que teremos de aceitar?

Imagens de arquivo (anos 80) de moliceiros, em regata, à bolina e com vento de popa.

As velas animam a ria…

A bolinar…

Com vento de popa…


Não nos foi possível acompanhar a regata de perto, e, quem, porventura o fez, já não conseguiu saborear imagens de tão grande beleza e emoção, que proporcionaram em anos anteriores.


O vencedor da regata foi, pelo segundo ano consecutivo, o Mestre Marco Silva, da embarcação RICARDO SÉRGIO. Receberá um prémio no valor de 150 euros e cada participante com barco moliceiro ganhará 300 euros.

Ler mais em o Diário de Aveiro de 11.7.2010.

Não me apetece alongar; a perspectiva e o cenário não me inspiraram e, se nada mais disser, não corro o risco de lamentar cada vez mais o destino a que o barco vem sendo votado.

A adaptação à actividade turística tem trazido bastante mais movimento à cidade, e um melhor conhecimento da zona lagunar citadina, é verdade, e lucros às empresas operadoras, também, suponho, mas que o barco perdeu toda a sua beleza, nobreza, dignidade e identidade, disso tenho a certeza. E os saberes feitos do saber-fazer e do saber-ser? Vão-se perdendo. E a terminologia náutica e ribeirinha? Vai-se delapidando e diminuindo…
Basta de lamúrias…

Fotografias – Cedência de Paulo Miguel Godinho (Arquivo)

Ílhavo, 10 de Julho de 2010

Ana Maria Lopes

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3 comentários:

  1. Tem muita razão. É uma pena o que está a acontecer. Neste como noutros sectores está-se perdendo a identidade. O fenómeno é social. São as pessoas que mudam o mundo e não o mundo que muda as pessoas!

    Oliveira Martins

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  2. Boa noite.

    Tenho imensa pena que o barco moliceiro esteja às portas da morte, mais ainda substituído por uma porcaria qualquer a querer imitá-lo. É sem dúvida o rumo que a sociedade leva a muitos níveis e temo que o desastre cultural humano aumenta a cada ano. Vamos acreditar que podemos mudar este rumo, e que o real poder não está nas mãos dos muitos Palhaços de Portugal.

    Atentamente,
    www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

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  3. Infelismente é o rumo a que os barcos estão condenados, abandono, declinio extinção...
    Parabens pelas belissimas informações que nos trás.

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