A partida foi da Torreira, cerca das 14 horas e a chegada aconteceu em Aveiro, junto da antiga lota, por volta das 17.
Ainda bem que ela se vai mantendo, mas, hoje, pela pouca quantidade de barcos e pelo pouquíssimo entusiasmo de participantes e espectadores, temo que deixe de o ser. Até as embarcações participantes, após a chegada, se exibiam, no Canal Central, de mastros arriados! Os mastros, vistos de longe, já se impunham e marcavam presença!!!
A situação económica que actualmente se vive afecta tudo! Ainda têm sido estas regatas que têm aguentado o barco moliceiro, com tudo aquilo a que tem direito e em toda a sua plenitude e elegância. As embarcações, em crescimento, dedicadas ao turismo, que nos é dado observar diariamente no canal de Aveiro, com as alterações a que são obrigadas por variadíssimas razões, sobejamente conhecidas, poderão ser tudo, menos barcos moliceiros autênticos. Os festões de plástico colorido, que exibem entre as bicas da proa e popa são de gosto duvidoso e lembram romarias minhotas enxovalhadas. Talvez para atenuar a falta do mastro e vela? Não, não conseguem!
A imagem que imortalizou o barco, de cisne deslizante, pelas águas calmas da ria, desapareceu.
Oxalá que, um dia, as entidades competentes não se venham a arrepender…da leveza de decisões que vêm tomando, relativamente a esta adulteração, que entristece e angustia. São outros tempos e outras conjunturas económico-sociais que teremos de aceitar?
Imagens de arquivo (anos 80) de moliceiros, em regata, à bolina e com vento de popa.
As velas animam a ria…
A bolinar…
Com vento de popa…
O vencedor da regata foi, pelo segundo ano consecutivo, o Mestre Marco Silva, da embarcação RICARDO SÉRGIO. Receberá um prémio no valor de 150 euros e cada participante com barco moliceiro ganhará 300 euros.
Ler mais em o Diário de Aveiro de 11.7.2010.
Não me apetece alongar; a perspectiva e o cenário não me inspiraram e, se nada mais disser, não corro o risco de lamentar cada vez mais o destino a que o barco vem sendo votado.
A adaptação à actividade turística tem trazido bastante mais movimento à cidade, e um melhor conhecimento da zona lagunar citadina, é verdade, e lucros às empresas operadoras, também, suponho, mas que o barco perdeu toda a sua beleza, nobreza, dignidade e identidade, disso tenho a certeza. E os saberes feitos do saber-fazer e do saber-ser? Vão-se perdendo. E a terminologia náutica e ribeirinha? Vai-se delapidando e diminuindo…
Basta de lamúrias…
Fotografias – Cedência de Paulo Miguel Godinho (Arquivo)
Ílhavo, 10 de Julho de 2010
Ana Maria Lopes
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Tem muita razão. É uma pena o que está a acontecer. Neste como noutros sectores está-se perdendo a identidade. O fenómeno é social. São as pessoas que mudam o mundo e não o mundo que muda as pessoas!
ResponderEliminarOliveira Martins
Boa noite.
ResponderEliminarTenho imensa pena que o barco moliceiro esteja às portas da morte, mais ainda substituído por uma porcaria qualquer a querer imitá-lo. É sem dúvida o rumo que a sociedade leva a muitos níveis e temo que o desastre cultural humano aumenta a cada ano. Vamos acreditar que podemos mudar este rumo, e que o real poder não está nas mãos dos muitos Palhaços de Portugal.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Infelismente é o rumo a que os barcos estão condenados, abandono, declinio extinção...
ResponderEliminarParabens pelas belissimas informações que nos trás.