terça-feira, 1 de junho de 2010

Os lugres/navio Ilhavense (Parte II)

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Lugre Ilhavense 2º
1924-1937

Este lugre de madeira, construído por Manuel Maria Bolais Mónica, na Gafanha da Nazaré, para a Companhia Aveirense de Navegação e Pesca, Lda., com o nome de Atlas, foi lançado à água em 19 de Dezembro de 1918 e registado em Aveiro.

Em 1924, passou para a posse da Parceria Marítima Esperança Lda., passando a chamar-se Ilhavense 2º.

Com uma arqueação bruta de cerca de 262 toneladas e líquida de cerca de 230, media, de comprimento entre perpendiculares, 38,20 metros, de boca, 8, 85 m. e de pontal, 3, 95 m. Sem motor auxiliar, acolhia uma tripulação de 40 homens.
Nele embarcaram os seguintes capitães: Júlio António Lebre, em 1924, João Francisco Bichão, 1925, João Francisco dos Santos, 1926, Manuel dos Santos Labrincha, em 1927 e 1928, António dos Santos, 1929, Manuel Fernandes Matias, em 1934, Manuel Ferreira da Silva em 1935 e 1936.
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Curiosidade: Na campanha de 1929, o valor do navio mais os 37 dóris a bordo estava orçado em Esc. 250.000$00. Em 1934 pescou 4.627 quintais de peixe e obteve 800 kgs. de óleo de fígado de bacalhau. A venda do produto pescado, bacalhau e óleo, rendeu Esc. 552.000$00.
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Devido às fracas capturas de 1930, o navio pode ter amarrado nos dois anos seguintes, 1931 e 1932 (pela ausência de informações de captura), e pode ter sido sujeito a reparações neste período.
Depois da campanha de 1936, seguiu para o estaleiro, tendo recebido motor auxiliar, em 1937. Sofreu algumas alterações, quer no nome, quer nas estruturas. Reaparece como:
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Lugre Ilhavense II
1937-1955
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O lugre de madeira ex-Atlas, pertença da Companhia Aveirense de Navegação e Pesca, Lda., passou a chamar-se Ilhavense II, ex-Ilhavense 2º, continuando a pertencer à mesma empresa Parceria Marítima Esperança Lda.
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Com arqueações idênticas, passou a medir de comprimento fora a fora, 44, 73 metros, entre perpendiculares, 39,02 m., de boca, 8, 97 m. e de pontal, 3, 89 m.
Com um motor alemão de 1937, de 240 H. P., albergava 41tripulantes e tinha 4899 quintais de capacidade de pesca.
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Durante o período da II Grande Guerra…, antes de 49, ainda com proa de beque…
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Foram seus capitães: José Gonçalves Vilão (1937 e 1938), José André Senos (1939), António Augusto Marques (1940), Manuel Marnoto Praia (de 1941 até 1944), Carlos Ançã (de 1945 até 1947), João André Alão (1948), Júlio Machado Redondo (1953) e Manuel Pereira Teles (em 1954 e 1955).
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A envergadura do Ilhavense II, já com proa de colher
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Não participa nas campanhas de 1949 a 1952, retomando a actividade de pesca em 1953, após outra grande reparação.
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Uma das últimas fotografias do Ilhavense II, pelos princípios dos anos 50…
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Naufragou devido a incêndio motivado por curto-circuito, com origem na casa da máquina, que alastrou rapidamente ao casario, durante a viagem de regresso da Terra Nova, em 15 de Agosto de 1955.
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Lançado o pedido de S.O.S., acorreram doze embarcações que se encontravam nas proximidades, um avião e o patrulha Mendota, da Guarda Costeira Americana. Apesar dos esforços levados a efeito durante toda a noite pela tripulação do navio patrulha, o Ilhavense II afundar-se-ia muito danificado no dia seguinte (16.8.1955). Os elementos que compunham a tripulação e um cão abandonaram o navio em 13 dóris, até serem resgatados pelo patrulha, que os desembarcou em porto americano.

(Cont.)

Ílhavo, 1 de Junho de 2010

Ana Maria Lopes

5 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente post! Muito completo, como aliás, é seu hábito.

    É sempre com grande gosto que vou lendo as histórias dos nossos antigos lugres.

    Os melhores cumprimentos,
    Tiago Neves.
    www.roda-do-leme.com

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  2. Boa tarde a todos ,mais uma bela historia que eu pessoalmente desconhecia do bacalhoeiro Ilhavense ||,em que a Dra Ana Maria sempre nos surpreende com estes achados que a mim muito me diz ,gostei de ler esta historia ,e que dizer de mais esta maravilha ?
    Assim fiquei a saber que o Ilhavense segundo nasceu como Atlas ,que sofreu varias transformações e que naufragou em 1955 ,felizmente todos se salvaram na altura o que foi bom ,BEM-HAJA !!!

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  3. eu sou neto do comte manuel dos santos labrincha (ilhavo), meu pai flavio da silva labrincha era comandante da costeira e loyde brasileiro...meu pai faleceu no dia 17/05/2006...tinha tres irmaos jose/nani/adelaide....eu encontrei seu blog por acaso...segue meu carinho flavio da silva labrincha filho meu email: labrincha@uol.com.br

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  4. A minha sogra, Maria André Senos deve ser familiar chegada do comandante José André Senos, ou então é uma coincidência muito grande.
    Pode-me ajudar nesta questão?
    Obrigado
    João Ventura

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  5. O primeiro lugre de que se fala é o 2º.... teria havido um primeiro?????????
    Antonio Angeja

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