Outro exemplo expressivo, captado também nos anos 60, é a proa da barca da arte xávega de Monte Gordo. No beque, uma cabeça de cobra. Local para a cabeleira, ocasionalmente retirada. Olhos bem delineados, postados na proa, sem delimitação da cara.
Proa da barca – Monte Gordo – Anos 60
Estaleiro de Quarteira – 2007
Um dos últimos clichés foi em estaleiro de Quarteira (2007), à proa de um elegante bote, o CATRAIA. Pena é que já não estivesse ao serviço das pescarias e se destinasse a adorno de um jardim, onde, por certo, já não estará.
É assim que se vão apagando do nosso litoral, signos pictóricos, puros e coloridos, fruto do peso da tradição imagética das embarcações e das convicções “ ingénuas” do mestre ou proprietário.
Fotografias – Ana Maria Lopes
Ílhavo, 24 de Março de 2010
Ana Maria Lopes
Os nossos barcos vão desaparecendo
ResponderEliminardeixando apenas os sinais e as marcas que os seus admiradores vão perpetuando através das imagens, dos livros e dos modelos. É à sensibilidade destas pessoas e ao seu amor pela matéria que devemos o prazer de reviver o passado que também nos marcou.
Parabéns e obrigado.
João Marçal