segunda-feira, 4 de maio de 2009

Amigos do Museu enriquecem o «Faina Maior»



«Certo dia, quando o nosso saudoso amigo Capitão Francisco Marques terminava a construção do Faina Maior e com grande satisfação me foi mostrar o seu trabalho, perguntei-lhe se não pensava instalar-lhe um molinete. Ele olhou para mim e, com amargura, disse-me que não se sentia com forças para isso. Não mais se tocou no assunto.
Mais tarde, já em Lisboa, conversei com o meu bom amigo Dr. Manuel Leitão, que, com a sua sempre pronta solicitude, logo me apresentou um conjunto de desenhos detalhados dos molinetes que se usavam nos palhabotes de Gloucester. Era completamente igual ao que eu conhecia do Gazela, só que de dimensões apropriadas a um navio como o Faina Maior.
Guardei estes planos, mas não falei no assunto a ninguém, por não ter oportunidade.

No ano passado, construi uma maquette à escala e apresentei ao Sr. Director do Museu e ao Sr. Presidente da Associação dos Amigos do Museu a ideia da sua possível construção.
A minha proposta foi aceite em reunião da AMI e o Dr. Aníbal Paião, de imediato, deu ordem para a iniciação dos trabalhos, pondo à disposição as oficinas, os armazéns e o apoio logístico necessário para se dar início à obra.
Contactei o mestre José Vareta, a quem mostrei os desenhos e a maquette, para saber se estava disposto a dar seguimento a esta tarefa.
Observou tudo com atenção, e aceitou o trabalho, com a condição de ter apoio do serralheiro para acompanhar e executar os trabalhos em metal, para os transportes e suporte financeiro para a aquisição das madeiras necessárias.

O trabalho começou e logo se mostrou a todos os que o acompanharam, de uma atracção invulgar.

Foi bom voltar a ver riscar, serrar, unir e dar forma àquelas grandes peças de madeira que, dia a dia, iam mostrando as colunas, o tambor e as bonecas que começavam a dar vida à «velha» peça feita agora de novo.

Na Pascoal…


Depois, voltámos a ver trabalhar a enxó de ribeira, guardada há tantos anos, mas que o mestre ainda manobra com mestria.
Agora começava o acerto das ferragens que, depois de devidamente aplicadas, davam movimento ao nosso molinete.
Trabalhava, rodava e até “cantava” como os seus “irmãos” a bordo dos navios.

No MMI…


Chegava o dia de partir para o seu lugar e lá seguiu desmontado na camioneta que o levou até ao Museu de Ílhavo, onde o mestre Zé Vareta, que já tinha construído o Faina Maior ia agora terminar o seu trabalho colocando no castelo de proa o molinete para virar a amarra».

No MMI…


28.4.2009 – António Marques da Silva


Fui acompanhando o trabalho, sempre com curiosidade e entusiasmo, e fotografando as suas diversas fases.
Mais uma vez, estamos muito gratos ao Amigo Marques da Silva, pela boa vontade, espírito de pesquisa, saber e paciência.
Obrigada Capitão Marques da Silva!

Fotografias – Autora do Blog

Ílhavo, 28 de Abril de 2009

Ana Maria Lopes

2 comentários:

  1. Boa tarde.

    As razões para lhe dar os parabéns por isto que nos mostra são várias. Por iniciativa do Sr. Capitão Marques da Silva (uma vez mais), o museu e a memória ficaram mais ricos. É realmente muito parecido com o molinete do "Gazela Primeiro". Ainda está para vir o dia em que poderei finalmente "entrar a bordo" deste lugre "Faina Maior" e admirá-lo detalhe por detalhe.

    Parabéns a todos os que com o seu saber permitiram que isto acontecesse.

    Atentamente,
    www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

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  2. Bela peça digna de museu. Esta com vida e capacidade de mostrar o seu trabalho e o seu "cantar". Pena que o "Faina Maior" não possa seguir-lhe o exemplo e balançar-se de vez em quando nas águas do mar.
    Bonito trabalho muito bem documentado.

    Obrigado

    João Marçal

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