terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O lugre Senhora das Dores



Dias invernosos, chuvosos, ventosos e tempestuosos, como os que têm estado, favorecem as trocas de impressões, à distância, pelos amigos que têm gostos afins – navios.

Depois de ajustes diversos sobre o lugre Ariel, que deixaram o assunto em suspenso, por agora, fui desafiada, já que “estava com a mão na massa” – naufrágios na barra de Aveiro –, a tratar o encalhe do lugre Senhora das Dores.

Aproveitei, tanto mais que toda esta semana está instalado um alerta para a praia da Barra, atendendo à amplitude das marés vivas, às investidas do mar e à possível formação de novas correntes, que poderão ter efeitos calamitosos, em terra.

O lugre Senhora das Dores foi construído em Caminha, pela Empresa de Construções Navais de Caminha, Lda., para o armador Manuel de Sá Pereira e outros, com registo no Porto, tendo sido lançado à água, em 12 de Setembro de 1919. Com uma arqueação bruta de 310,00 toneladas, não tinha motor auxiliar.

O Senhora das Dores encalhado



Naufragou na barra de Aveiro a 17 de Junho de 1922. Não houve mais comentários. As notícias são escassas. Não se conseguiram mais informações sobre o navio.

Apenas em notícias nacionais de início de Agosto, o Capitão do porto de Aveiro, sobre o encalhe, informou superiormente que o naufrágio ficou a dever-se às correntes da barra e à pouca largura do canal, motivo que tem estado na origem dos naufrágios anteriores.

O Senhora das Dores entregue ao seu destino…



Vali-me então da imprensa local, já que o jornal “O Ilhavense” me dá sempre uma preciosa ajuda.
Relata, pois, que na tarde do citado dia, encalhou em frente ao Farol da nossa barra, o referido lugre, procedente do Porto, com lastro e algum cobre para reparos a que vinha sujeitar-se nos Estaleiros da Gafanha. Era seu capitão o nosso conterrâneo João dos Santos Redondo (o Maurício), que não conseguiu safar o barco, apesar de todos os esforços empregues. A tripulação salvou-se.

Fotografias – Arquivo Digital de Aveiro.

Ílhavo, 9 de Fevereiro de 2009

Ana Maria Lopes

3 comentários:

  1. Cara Dra. Ana Maria,

    E assim se fez luz sobre mais um capítulo da história trágico-marítima referente aos acidentes que tiveram lugar na barra de Aveiro. Não deixa de ser precioso o lacónico comentário do então Capitão do porto de Aveiro, como quem quis dizer; paciência, foi mais um.
    No entanto se o mesmo tivesse acontecido com um navio da Armada, o mais certo seria que o Cmdte. do navio fosse responder a Conselho-de-Guerra.
    Esta postura oficial, por causas conhecidas e que ele mesmo explica, nunca me farão entender a ambiguidade existente entre o militar e o mercante, entre a apatia votada aos interesses do poder político e à classificação facciosa de desastre e acidente.
    Cumprimentos,
    Reimar

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  2. Boa tarde.

    E do modo como o Sr. Reinaldo nos conta, muitos navios se perderam "estupidamente" dos quais uns poucos, nem que fosse um só, poderiam ter resistido até aos dias de hoje, com muita sorte e boa vontade à mistura, mas poderiam.

    Atentamente,
    www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt

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  3. O Lugre Sra. das Dores,encalhado até parece que nos admiramos ,nesses tempos e nessa barra tudo poderia acontecer ,até nos tempos de hoge ,se não vejamos ,um bélo dia ,eu no meu barco de pesca costeira de 14 metros e meio ,com o nome de Caximar ,vinha a regreçar da pésca e já perto da barra de Aveiro recebi um sos da embarcação Maria Luiza salvo erro dum armador da Costa Nova ,um barco mais pequeno qualquer coisa do que o meu,claro que tentei saber onde se encontrava o mesmo que logo vim a saber via radio que se encontrava ,encostado a praia proximo da Vagueira com sérios riscos de ir parar a praia ,estava ancorado com as redes e com o motor avariado ,muito rapidamente cheguei ao destino e preparamos logo o reboque ,que foi facil embora estivesse vento fresco de norte ,más conseguimos o reboque até a barra ,só que a maré baixava e as coisas complicaram-se e de que maneira ,reforçamos os cabos que diga-se esse barco não tinha nem ao menos uma ancora já que tinha deixado nas redes ,e por isso as coisas não correram nada bém pelo contrario,lá entramos a barra e quando estáva-mos dentro perto do faról os barcos com a ondulação encarrilhavam ,por sua vês eu tinha que dar força porque tinha muita corrente da vazante,os cabos rebentaram e com um forte esticão fiquei sem leme ,eu mandei logo ancorar ,claro que trazia a ancora pronta para o que desse e viesse ,e fiquei ali mesmo ,mas o rebocado foi barra fora com toda tripulação aos gritos eu de momento não podia valer ,más entretanto fiz pedidos de socorro que imediatamente foi atendido ,entretanto um sobrinho que tinha a bordo foi lá baixo ver os gualdropes e veio dizer-me ,tio a manilha que prende os gualdropes partiu ,eu imediatamente levei manilha nova e o mais depreça que pude desenrasquei a coisa ,virei ancora a toda força ,entretanto o Maria Luisa já estava nos quebreiros passou o cais do sul ao rola com a corrente já com muita sorte ,mesmo encostado ,e com muita gente no cais do sul aos gritos e os 5 tripulantes prontos a cair na agua com o maximo de ropa tirada ,nós chegamos perto os meus companheiros também aos gritos a pedir-me para não encostar porque o mar já partia em sima dele e éra atraveçado ao mar ,más eu mandei preparar o cabo e foi mesmo de proa ,atiraram o cabo e vim a ré a força toda e consegimos depois fazer manobra de maneira que chegamos perto do cais do sul aí estáva-mos bém ,entretanto chegou um elicóptero de São. Jacinto a pairar sobre nós e perguntaram se preçisva-mos de alguma coisa eu respondi que agora não más agredeçia que esprasse um tempo enquanto nós rebocava-mos o barco ,logo a seguir veio um reboque holandês que estáva nas óbras do Porto de Aveiro e então pegou no Maria Luiza e com todos os preparos foi com força porque a corrente da ria já éra demasiada ,más ainda assim o cabo do reboque com a força do mesmo rebentou com a escotilha do barco e lá ia outra vês o barco ria abaixo eu que vinha por trás la tive que atirar novamente o cavo de reboque e aguentar até o reboque fazer as manobras e passar novamente os cavos a volta agora da casa do leme e assim com a força do reboque lá se fez o salvamento,portanto da barra de Aveiro também tarimbei porque foram 7 anos com o meu barco lá a trabalhar e também apanhei muitos sustos que ném me quero lembrar ,más éram nos pesqueiros proximos de Aveiro que a gente bém se defendia e com ésta termino comprimentos a todos e bém haja Dra .Ana Maria Saúdações Maritimas .Jaime Pontes ...

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