Duas imagens de que gosto. São o oposto.
Poder-lhe-íamos chamar: Contrastes. Qual delas a mais bonita?
É noite…
Na primeira imagem, o fim do peso da rotina de mais uma emposta, as velas atadas em fim de tarde, projectada no azul celestial, aqui e ali sujo por uns fiapos de algodão, a servirem de fundo à irmandade colectiva dos amanhadores da ria. É dia.
Na segunda, um prateado sobre o azul-cobalto da ria, originando sombras negras como lava, pintadas no silêncio do recolhimento de um olhar sempre amanhecido.
Jogos de luz que se entretêm a colar tatuagens sensuais sobre o corpo da laguna, em ensaios cenográficos de volúpia deslumbrante, que a emoção colhe por inteiro, sôfrega, ainda antes da compreensão os tactear à superfície das águas.
E ali em qualquer lado, em qualquer parte escondidas, as galhetas, em bandos, à procura de poiso para dormir, em lamento, piando em baixos e agoirentos dizeres, até que a luz agonize e sejam horas do sono. É noite.
A ria dorme para serenamente embalar o moliceiro no cochilo.
As duas imagens são da nossa ria, em situações opostas. A superfície lagunar tem destas coisas: noite/dia, claro/escuro, agitação/descanso, velas brancas, mastros negros. Apreciem-nas.
Contrastes também do dia e noite de hoje: o bulício, o rebuliço, o alvoroço diurnos vão dando lugar ao sossego, à paz e à calma nocturnas.
Fotografias – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 24 de Dezembro de 2008
Ana Maria Lopes
Conheço mal a Ria de Aveiro. É matéria a corrigir no futuro...
ResponderEliminarConcordo que o Mar, e certamente também a Ria, são elementos determinantes dos mais variados contrastes personalizados por essas criaturinhas flutuantes tão pouco compreendidas: os navios, as embarcações e até os marinheiros respectivos...
Olá Ana
ResponderEliminarO teupost fez-me lembrar parte da canção do Prof. Guilhermino
"...Ria sonhadora esquiva
que o Mar não sabe entender
é ele quem lhe dá vida...
no Mar ela vai morrer..."
Bom Ano
Muita saúde e continuaçãode boas escritas
Beijinhos
Maria