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Este
tema implica regredirmos no tempo, o suficiente, e não é assim tanto, em que a
laguna era a grande auto-estrada líquida, pois não havia rotas terrestres, na
zona, que pudessem transportar mercadorias e passageiros.
As
rotas lagunares estão forçosamente ligadas às embarcações – mercantel, (saleiro), moliceiro, bateira moliceira, bateira do junco e bateira
berbigoeira, que mais tarde passou a ser mercantela.
A primeira
conversa do grupo uariadeaveiro, em
colaboração com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, iniciou-se pelo tema “As embarcações e as rotas na Ria de Aveiro”,
entregue aos palestrantes Senos da Fonseca, eu própria e Helder Ventura, tendo
tido lugar a 12 de Fevereiro de 2015. Já lá vão 8 anos.
Senos da Fonseca
ocupou-se das principais embarcações lagunares, as maiores, situando o seu
aparecimento, de acordo com as necessidades dos utilizadores e a evolução
geográfica da laguna, que considerou formada, a partir do século IX. Referido o
principal por Senos da Fonseca sobre as embarcações, fiquei com o caminho
aberto para me deter sobre as principais rotas lagunares, já que o tempo
concedido para tal, era fugaz.
Talvez possamos considerar, sem cometer nenhuma
infidelidade histórica, o mercantel
como uma das primeiras embarcações de fundo chato, nascida nos tempos modernos
(depois dos séculos XV, XVI) construída para sulcar a laguna, servindo vários
projectos.
De facto, teria sido o mercantel, a embarcação (comummente
designada por barca) que terá
servido, tão eficazmente, de vários modos, a economia lagunar.
Houve necessidade de fazer evoluir, uma nova embarcação de fundo chato, que calasse pouca água e que albergasse cerca de 15 toneladas, que se adaptasse à condição geográfica lagunar, que aproveitasse para sua propulsão, os ventos mais dominantes desta região, o norte e o noroeste, para navegar de popa (fazer popas) ou para bolinar (navegar à bolina), avançando contra o vento, aproveitando-o, na sua vela latina quadrangular, mais tarde.
Assim nasceu o mercantel.
É bastante conhecida uma gravura de mercantéis no Rossio, em Aveiro, datada
de 1877. Tiveram o seu auge até
meados, (sétimo decénio) do século XX.
Anteriormente, teria havido umas barcas de rio acima, idênticas, quantas vezes abicadas à proa e a ré, de vela tosca de pendão que aproveitavam a brisa matinal do rio e a corrente, para subirem e a brisa da tarde para descerem, trazendo outras mercancias de lá para cá, necessárias, como madeirame, vinhos, e produtos diversos artesanais para feiras.
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Barcas
de rio acima de vela de pendão
Nos rios Vouga, Águeda e Cértima, são referidas nas Memórias Paroquiais escritas pelo prior de Águeda, em1758, umas barcas semelhantes, que transportavam rios acima, mercadorias, sobretudo sal e peixe, também para o cais de Águeda e para os portos secos, locais para onde era distribuído o sal por outros pontos do país.
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Barcas
em Águeda, em 1920
A estrada norte/sul mais próxima passava por Águeda,
Mealhada e Albergaria.
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Ílhavo,
2 de Dezembro de 2023
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Ana
Maria Lopes
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