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Naufragou na barra de Aveiro a chalupa D. Maria, da praça do Porto, para onde
se dirigia com carga de sal, de conta do negociante de Ílhavo Sr. José Teiga.
O D. Maria foi ainda até ao espalhado
para sair, mas como o mar embravecesse, voltou para dentro. Antes, porém, de
chegar ao ancoradouro, um desarranjo no leme fez desgovernar o navio, que foi
cair num baixo de areia do lado Norte, abrindo logo água e começando de
imediato a inutilizar a carga, que se perdeu por completo. Sem esperanças de
salvar o casco, a tripulação começou removendo o massame, velas, correntes,
etc., que se acham
Perto do sítio onde agora naufragou, o
navio sofreu há três anos igual sinistro, conseguindo-se, todavia, pô-lo a flutuar,
passando depois à propriedade do Sr. José Teiga. Este Sr. só dispunha agora de
uma terça parte, sendo as restantes duas terças partes da firma do Porto José
Dias Pimenta & Cª. Nem o navio nem a carga estavam seguros. O D. Maria que se achava tombado foi
ontem à tarde posto direito, à força de espias, lançadas pelo lado da costa de
São Jacinto. Parece que se pode considerar salvo, embora seja grande o volume
de água que se encontra no porão.
[Notícia
publicada no jornal "Progresso de Aveiro"
de 21 de Março de 1908]
Ílhavo,
20 de Março de 2023
Ana Maria Lopes
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