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Dos
Postais
da CASA do BICO que Senos da
Fonseca tem escrevinhado, no blogue Terra da Lâmpada, não há dúvida que,
para mim, o último, que relata um parto improvisado a bordo de uma bateira labrega, seduziu-me mais
profundamente. Todos eles têm o seu atractivo, porque relatam histórias
ficcionadas entre figuras características da Costa Nova, que, por sua vez, lhe
são hipoteticamente relatadas pela Zefa e pela Bernarda, em encontros de
passeios matinais.
Elogio no autor, a capacidade criativa, a preocupação do registo dos nossos regionalismos, em contexto, bem como o entusiasmo com que nos brinda com os seus relatos.
No
entanto, a «estória» do parto da Joana Labrega fascinou-me demais …Porquê?
Por ter a ria como cenário, a bordo de uma bateira labrega, de vela bastarda, com toldo espalmado (pata de rã)?
Por registar os tais regionalismos (vertedouro, escalamãos (escalamões), saltadouro, castelo da proa, traste, orça, etc.), sobretudo, de cariz marítimo?
Por nos contar um parto improvisado, o desabrochar de uma vida, com toda a sua emoção?
Eu, que assisti a partos e, principalmente, fui mãe, sem os artifícios que envolvem os partos actuais, pensei, depois de ter acabado de ler a história:
– há cinquenta e 4 anos, quase que preferia ter parido a bordo de uma labrega que numa «cama de bilros», de pau-santo.
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E fiquei ferrada naquele pensamento!!!!!!!!!! que navegou comigo até de manhã. Que beleza!
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Ílhavo, 23 de Dezembro de 2020
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AMLopes
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