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Cortado o cabo a que fixa o berço onde pousa o navio, pela multidão dos presentes paira um sussurro de expectativa: o saber se o berço desliza pela carreira. Há momentos, breves segundos, em que o navio parece soluçar e ganhar forças para se atrever a deslizar no plano inclinado.
Ganha a impulsão
suficiente, capaz de ultrapassar o atrito das forças em questão; o navio
arranca, primeiro hesitante, logo depois num movimento redobrado. E lá vai…
Todo o mundo
fica suspenso: – a sua entrada na água.
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A popa
mergulha na ria, momento crucial que testa a sua estabilidade.
Tomba? Não tomba? E eis que com uma ou outra ligeira inclinação, o navio desliza soberbo, leve, parecendo apressado, afastando-se da carreira.
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Momento de
azáfama em que os rebocadores FOZ DO VOUGA (à proa) e CORONEL GASPAR FERREIRA (à popa), se apressam a lançar cabos para o
agarrar e trazer de volta.
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O navio suspende, "ferro a pique", não vá o diabo tecê-las e ser necessário uma manobra de emergência para o fundear de imediato. Agarrado de proa e de popa em manobra conjunta, o INÁCIO CUNHA aproxima-se do cais que lhe está destinado para os trabalhos de acabamento.
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Quando há uns anos, abordámos em passeios lagunares, os Estaleiros de S. Jacinto, quem ousaria dizer que naquelas carreiras deslizaram centenas de navios saídos das mãos daqueles que tão sabiamente lhes sabiam dar forma e vida.
Quando, em 1997, o arrastão já quase com trinta anos, foi vendido ao Grupo Silva Vieira, tendo sido registado com o nome de JOANA PRINCESA, lá se foi, com mágoa, «um pedacinho» de mim.
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Ílhavo,
24 de Novembro de 2020
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Ana Maria Lopes
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