O “Vasco d’Orey”, arrastão clássico, assim
como o seu gémeo “Santa Maria Madalena” foram construídos para a Empresa de
Pesca de Viana, pelos Estaleiros Navais da mesma cidade. A 1 de Maio de 1961,
ocorreu a cerimónia da flutuação do primeiro, muito concorrida e animada.
Fazem, hoje, 59 anos.
Foi seu primeiro comandante o ilhavense
Capitão Manuel Machado dos Santos (Praia).
Deram um grande apoio, quer navio, capitão
e tripulação, em 23 de Abril de 1971, ao naufrágio do arrastão de popa “Santa
Isabel” propriedade da EPA, em situação trágica e prestes a voltar para
Portugal.
A 10 de Abril de 1963, um grave acidente
na casa dos caldeiros, quando os pescadores estavam a vestir as pesadas roupas
para a manobra, – um dos caldeiros explodiu, deixando o compartimento com um
ambiente demoníaco. Com queimaduras de vários graus, ficaram 10 tripulantes,
que foram levados com eficácia para um hospital de St. John’s, apesar de se
encontrarem a 30 horas de navegação.
Este episódio, já de si, grave, teria sido
premonitório de um outro, neste caso, fatal – pensámos.
Comandado por António Fernando Paroleiro
dos Santos, quando se encontrava atracado no porto de St. John’s a abastecer de
combustível, em 29 de Setembro de 1977, aconteceu uma enorme explosão, seguida
de violento incêndio.
Atracado ao cais, ocorreu forte
explosão…
Infelizmente, nesta tragédia, perderam a
vida cinco tripulantes: dois de Vila Praia de Âncora, um de Mira, um de Vagos e
José Melo Vaz, de Ílhavo.
Na referida situação…
Embora tivesse sabido, só há pouco tempo tomei
verdadeira consciência de tal desgraça, até porque também fora um período muito
difícil da minha vida.
Interroguei-me. O Jornal da terra, como
sempre, há-de ter noticiado tão terrível tragédia. Busquei o ano de 77, folheei
e no de primeiro de Outubro deparei com esta notícia:
Ilhavense morre na
explosão de um navio bacalhoeiro
À hora a que o nosso jornal entrava na
máquina, soubemos que grave acidente com explosão seguida de incêndio ocorreu
no arrastão “Vasco d’ Orey”, que, em St. John’s de abastecia de combustível.
(…). Do acidente resultou a morte de cinco
tripulantes. Um dos que veio a sucumbir aos ferimentos, foi António José Melo
Vaz, de 27 anos, casado, natural de Ílhavo e residente na rua Dr. Samuel Maia.
Deixou 4 filhos menores.
Mais um verso para Ílhavo heróico poema
escrito com sangue no mar…
Quanto ao navio, ainda em chamas, foi
rebocado para fora do porto, pelo “Rio Lima”, da mesma empresa, tendo sido
encalhado em Spring Point à saída da barra de St. John’s, onde a força do mar o
acabou por desmantelar.
Ílhavo,
1º de Maio de 2020
Fontes: A Pesca do Bacalhau, Tomo IV,
“Arrastões” de J. D. Marques
-
Ana Maria Lopes-
Obrigado Ana pela notícia sobre o fim do Navio Vasco D’Orey
ResponderEliminarEu fui enfermeiro entre 1970 e 1975 a bordo deste navio. Sabia do acidente em 1963 e do salvamento em 1971 (do qual eu fiz parte).
Só soube do acidente de 1977 mas nunca soube dos pormenores.
Mais uma vez obrigado pela notícia e pelas fotografias (….).