domingo, 2 de fevereiro de 2020

Cap. Manuel Marques Machado

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A bordo do “Avé Maria” em 1963
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Na sua moradia na Costa Nova, debruçada sobre a ria, onde passou a maior parte da sua aposentação, visitei-o já há uns anos, para me falar da faina marítima de seu Pai.
Agradável, culto, bom conversador, simpático, atencioso, atendeu-me amavelmente, e tirou-me todas as dúvidas relativas ao pai.  Já agora, a sua vida profissional também veio para a baila. Afinal, também um Homem do Mar e, hoje, o decano da Faina Maior, dos últimos que ainda restam.
Nado e criado em terras de Ílhavo, o Cap. Manuel Machado veio ao mundo a 12 de Dezembro de 1926. Já contava 93 invernos, de delicadeza primaveril. Descendente de família de homens do mar, de entre os quais o seu pai, António Augusto Marques, seguiu-lhe as pisadas. 
Pertencendo já à última geração de capitães da Faina Maior, concluiu a Escola Náutica, em 1948, sendo portador da cédula marítima nº 112.324, passada pela Capitania do Porto de Lisboa. Começou a sua vida de mar, no comércio, a bordo do paquete "Sofala", como 3º piloto, entre 1948 e 1951, cujo comandante, Gustavo Peixe, também era de Ílhavo. Viagens? ... muitas - para África, Canadá, Europa, etc.  
Enamorado da sua noiva, professora Maria Nunes Rocha, abandonou, então, este tipo de viagens, para governar a sua vida na pesca do "fiel amigo", com a finalidade de se casar, o que fez em Dezembro de 1951. Desta união, nasceram três rapazes, não tendo seguido nenhum deles a vida de mar.
A sua primeira viagem ao bacalhau aconteceu em 1951, ao embarcar como piloto do arrastão “São Gonçalinho”, tendo-se sucedido o “Estêvão Gomes”, o lugre “Ilhavense II”, os navios-motor “Celeste Maria” e “Senhora do Mar”, como imediato. Neste, na campanha de 1958, cruzou-se com Bernardo Santareno, pseudónimo de António Martinho do Rosário, médico a bordo, de quem me contou algumas histórias curiosas.  Identificou-se, sem dúvida, com o “seu” navio, o “Avé Maria”, que comandou de 1960 a 1970, inclusive.
  
A bordo do “Avé Maria”, em 1969
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Com a aproximação do fim da pesca à linha do bacalhau, rumou para África, em 1971, onde ocupou vários cargos ligados ao mar, de prestígio, tendo-se aposentado em 1991.
Decano dos capitães de Ílhavo, depois de vários achaques que foi vencendo com bonomia e resistência, sempre agradável, afável e delicado, embarcou para a sua última viagem, sem retorno, em 26 de Janeiro de 2020.
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Ílhavo, 26 de Janeiro de 2020
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Ana Maria Lopes-

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