Capitão
José Pelicas Gonçalves Bilelo
Aqui
pelas vizinhanças, pelos conhecimentos e pelas genealogias marítimas, tão
habituais em Ílhavo, tinha que parar por ali, na Rua de Camões, nº 87 – falo de
José Pelicas Gonçalves Bilelo.
O
Sr. Capitão José Pelicas Gonçalves Bilelo (1920-2000), nasceu em Ílhavo em 19
de Fevereiro de 1920.
Filho
de Aquiles Gonçalves Bilelo (1887-1962), que já lembrei a seu tempo, e de Maria
Rosa Pelicas, teve, do casamento com a Senhora D. Maria Manuela da Cruz
Bixirão, muito amiga de minha mãe, três filhos – José Alberto, Vasco Manuel e
Maria do Rosário Bixirão Gonçalves Bilelo. O primeiro foi oficial da Marinha
Mercante, o Vasco foi meu aluno e com a Maria do Rosário, mantenho uma relação
cordial.
Acabou
o Curso de Pilotagem da Escola Náutica em 1942, tendo obtido a cédula de inscrição
marítima nº 23945, passada pela capitania do porto de Aveiro, em 23 de Dezembro
de 1942.
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Possivelmente,
a bordo do José Alberto. Anos 40
Dados
credíveis permitem-me afiançar que nos anos de 1943 e 44 foi piloto do lugre-motor José Alberto, sendo capitão seu cunhado José Vaz Mano e imediato,
Manuel dos Santos Malaquias. Como já referi, o José Alberto, ex-Caroline foi construído na Dinamarca, em 1932, tendo sido
adquirido pela Sociedade de Pescas Oceano, Ld.ª, da Figueira da Foz, para a
campanha de 1935. Tinha uma silhueta que o distinguia de todos os navios da
nossa frota.
O José Alberto, no início dos anos 60. F.
Baier
Em
1945, foi imediato do navio Portucale, do comércio, sendo o
capitão, o seu sogro, José da Cruz Bixirão. Desembarcou no ano anterior ao
trágico naufrágio do navio, em 1946.
Ainda, piloto, a bordo…
Agora,
começa a dança dos arrastões, que se
torna bastante mais difícil de cotejar, pelo facto de poderem fazer duas
viagens, podendo a oficialidade não se manter de uma para a outra.
Na
safra de 1946, cumpriu o cargo de
piloto no arrastão da EPA Santa Joana, 2 viagens, sob o comando
do Capitão Francisco dos Santos Càlão, na primeira, e Capitão José Pereira da
Bela, na segunda. O imediato era João Laruncho de São Marcos.
Na
de 1947, igualmente no arrastão Santa Joana, também com 2 viagens, a oficialidade manteve-se,
incluindo o capitão, que foi José Pereira da Bela.
Na
campanha de 1948, também de 2
viagens, exerceu a função de piloto, na 1ª viagem e de imediato, na 2ª, mas,
então, do arrastão Santa Princesa. O capitão da 1ª viagem
foi António Trindade da Silva Paião e o da 2ª, o Capitão Manuel Inácio Gaia, da
Figueira da Foz. O imediato da primeira foi José da Silva Rocha e o piloto da
2ª, Weber Manuel Marques Bela.
Na
campanha de 1949, de uma só viagem,
continuou a ser imediato do mesmo arrastão,
igualmente sob o comando de Manuel Inácio Gaia, pilotado por Weber Manuel
Marques Bela, de Ílhavo.
O
arrastão Santa Princesa foi construído de aço, nos estaleiros Cox & Cª.
(engineers), Lda., Falmouth, Inglaterra, em 1930, com o nome de Sptitzberg, tendo sido comprado pela
EPA, em 1939, que o rebaptizou de Santa
Princesa.
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O arrastão Santa Princesa, à entrada de Leixões.
Fotomar
Durante
as safras do 1950 e 51, estreou-se como capitão do esbelto
lugre-motor Brites, da praça de Aveiro, levando como imediato, Artur de Oliveira
da Velha. Nada de expectante, e a vida continua no mar, com curtas estadias em
terra.
De
1952 a 1961, foi para a praça de Viana, substituir o pai, Capitão Aquiles
Gonçalves Bilelo, que se aposentara, após o términus da campanha de 51, como
capitão do navio-motor São Ruy.
É
natural que tenha tido e teve, alguns imediatos e pilotos de Viana do Castelo e
das redondezas, mas, Ílhavo também esteve presente com outros – Francisco
Manuel de Oliveira Leite, piloto em 52 e 54 e imediato em 53, Orlando Brandão Vidal, piloto em 1954 e Alberto Marques Pauseiro, imediato de 57 a 60.
O navio-motor
São Ruy
De
1962 a 1972, onze campanhas, foi capitão do arrastão Rio Lima, não
tendo feito a segunda viagem, nos anos de 1965,
67 e 1972.
Durante
este período, foram seus imediatos José Manuel Redondo Malaquias e Manuel
Ângelo Nunes Correia, de Ílhavo.
O
arrastão Rio Lima fora proveniente do navio-motor,
de ferro, com o mesmo nome, construído nos Estaleiros Navais de Viana do
Castelo, em 1952 para a Empresa de Pesca de Viana, que foi transformado em arrastão clássico, após a campanha de 1961.
O Rio Lima
fundeado em Lisboa, na Junqueira. Foto de LMC
Nas
campanhas de 1973 a 1976, comandou o arrastão também lateral Senhora
das Candeias, tendo tido como imediatos José Ferreira da Costa Rocha, de
Monserrate e António Fernando Paroleiro Santos, de Ílhavo.
O
Senhora das Candeias foi arrastão lateral, de origem, mandado
construir nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo em 1948, por ordem da EPV.
Ainda
em 1976, ficou como Capitão Chefe da
Empresa de Pesca de Viana, tendo-se aposentado em 1979, após cerca de 36 anos
de mar intenso.
Passou,
junto da família, ainda alguns aninhos, que poderiam ter sido bem mais calmos,
se não tivesse exercido o cargo de Presidente da Câmara entre 1980 e 82.
Deixou-nos
a 15 de Janeiro de 2000, com 79 anos de idade, depois de não ter resistido à
falta da esposa, desaparecida, há pouco menos de um mês.
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Imagens
– Arquivo
pessoal e gentil cedência de familiares
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Ílhavo,
19 de Dezembro de 2016
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Ana Maria Lopes
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