quarta-feira, 1 de junho de 2016

A Exposição St.John's, Porto de Abrigo - A Frota Branca, no MMI

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A Sala de exposições temporárias, no MMI, exibe uma exposição fotográfica sedutora e fora do vulgar, até 23 de Outubro.
Há exposições e exposições, mas esta compensa, brilha e «enche o olho».
O autor, Paul Anna Soik (1919-1999), marido de uma canadiana, para além de fotógrafo, ilustrava. Mas, um belo dia «tropeçou» na Frota Branca, uma frota branca já algo decadente, nos anos sessenta, mas que sempre deslumbra – alguns veleiros e navios bacalhoeiros e pescadores portugueses, que fizeram parte da paisagem e do quotidiano de St. John’s (Terra Nova, Canadá).
Foi este legado fotográfico que veio parar às mãos da associação cultural Bind’ó Peixe, que nos últimos anos se tem dedicado a valorizar a cultura e identidade piscatória da comunidade de Caxinas e Vila do Conde.
Estas fotografias de Paul A. Soik só podem ser vistas hoje no Museu Marítimo de Ílhavo, porque o canadiano Jean-Pierre Andrieux, memorialista, empresário, estudioso da presença portuguesa na Terra Nova e amigo fiel de muitas gentes de Ílhavo, há umas boas dezenas de anos, «não é de guardar os seus tesouros num cofre». Um dia, herdou-as e o seu desejo foi partilhá-las.
O grande segredo da exposição reside na recolha das belas cenas que povoam o nosso imaginário, mesmo sem termos estado em St. John’ s, no tempo da Frota Branca lá residente.
Fortes pormenores de marinheiros e derradeiros veleiros, tais como o Creoula, o Argus, o José Alberto, o Gazela, o D. Denis, são aqueles de que me lembro. Pescadores, com traje domingueiro, com camisolas axadrezadas, quer a bordo, quer em jogos de futebol, habituais no cais canadiano, dão vida aos últimos navios-motor construídos nos Estaleiros Mónica, nos anos 50 – o Vila do Conde, o Avé Maria, o São Jorge, o Novos Mares e outros da mesma época.
O autor foca pormenores realistas e não descuida as pilhas de frágeis botes, sobranceiras, que nos ajudam a identificar o navio em que habitam.
Para além de nos sentirmos «em casa» em tal exposição, ela tem de relevante o suporte que as sustenta. São diapositivos de grande dimensão, montados individualmente em caixas de luz, que nos prendem – a luz que delas emana e uma maneira pouco usual de apresentar um trabalho final.
O fotógrafo ficou deslumbrado com o que viu e conseguiu transmitir-nos esse deslumbramento.
E mais não digo. Visitem-na que vale a pena. Mas se tiverem a sorte de terem um guia como eu tive, o Capitão António Marques da Silva, a informação redobra. Ainda por aí há alguns, poucos, velhos lobos-do-mar, à altura.
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Todas as fotos que aqui possa editar não conseguem reflectir o encanto que aquelas nos transmitem.
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À laia de convite ou melhor, de «isco», aqui ficam estas:

Os botes cor sangue de boi, sobranceiros, do Argus

A tripulação do Novos Mares

As pilhas de botes do São Jorge

Jogo de futebol no cais

A tripulação do Avé Maria
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Fotografias de Sérgio B. Gomes, publicadas no Jornal Público, de 29 de Maio de 2016
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Ílhavo, primeiro de Junho de 2016
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Ana Maria Lopes
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