Foto
de estúdio
Hoje, é a
vez do Capitão José Fernandes Pereira Júnior, conhecido pelo Capitão Zé Lau, de
temperamento muito sui generis, de
quem era conhecida, amiga e aparentada, a quem associo sempre o bonito e
velhinho lugre Ana Maria, da praça
do Porto, a partir de 1939.
Curioso!... As
rectas finais de vida do Ana Maria e
do Capitão Zé Lau cruzaram-se e confundiram-se.
O capitão Zé Lau, nascido em Ílhavo (1879-1971) foi
para o mar aos catorze anos, como era normal, à época, tendo-o deixado, com a
provecta idade de 79 anos, em 1958.
Quem, já
amadurecido, não se lembra da sua figura – baixote, velhinho, de cabelos muito
alvos, rapioqueiro e sempre bem aperaltado –, mas de feitio difícil, com quem era
preciso saber lidar. No meu casamento, em 1965, para que fora convidado, com
uma vetusta idade, fartou-se de dançar…Gravei-o na memória…
Entre os
postos de moço, piloto, imediato a capitão, lá foi sulcando os mares, no meio
de muitas peripécias e alguns naufrágios, em tempos bastante difíceis, passando
pelos lugres Lusitânia 3º (futuro Terra Nova) na campanha de 1939, Maria Preciosa (em 1937), Paços de Brandão (em 1938 e 39), Alcíon (1940), Silvina em 1941 (piloto), Delães
(torpedeado e afundado por submarino desconhecido, em 1942), Oliveirense (1943 e 44) imediato, Labrador, em 1946, Paços de Brandão, em 1947 e Infante
de Sagres III, em 1948. De 1952
até 1958, ocupou o cargo de imediato no Ana
Maria, ano em que o velho lugre do Porto naufragou, com água aberta, a 7 de
Setembro.
Lugre Delães, em alto-mar, cerca de 1940
-
O Capitão,
Sr. Joaquim Agonia da Silva, de Vila do Conde, e o nosso imediato, entre os seus quarenta tripulantes, foram salvos
pela escuna costeira norte-americana «Spencer», que os entregou posteriormente
a um navio espanhol. O velhinho Zé Lau, pelos seus 79 anos e pernas
enfraquecidas, já teve de ser auxiliado, nestas andanças e mudanças de
embarcação para embarcação. Abandonou, então, a vida do mar.
Tive
conhecimento que a tripulação fora transportada para Portugal pelo arrastão João Corte Real, como demonstra a
imagem, comandado por José Ângelo Ramalheira.
Tripulação do Ana Maria, a salvo
-
Em terra,
ainda duraria até aos 91 anos (até 1971), a saborear o aconchego do lar e seus
familiares, com invejável memória e vivacidade inusitada.
O seu
temperamento prejudicou-o, por vezes, na vida profissional, mas era amigo do
seu amigo e por ele os colegas tinham grande estima.
Na última
viagem que efectuou, numa entrevista que deu a um repórter do Primeiro
de Janeiro, em 14 de Abril de 58,
contou as suas histórias de mar, revelando: – o veleiro mais antigo da frota portuguesa é o Ana Maria e eu o tripulante mais antigo.
E assim o Ana Maria e Capitão Zé Lau ficaram na
memória dos ilhavenses.
Antes do
fecho da edição do Marintimidades, chegou-me uma foto de época, que não quero
desaproveitar.
Como de costume, mais um valioso naco de cultura marítima a acrescentar ao manancial do Marintimidades.
ResponderEliminarDesta feita, permito-me dar uma pequena achega, dizendo que entre os meus vários conterrâneos identifico os seguintes: logo à esquerda do imediato José Pereira (Lau), temos o capitão Joaquim Agonia da Silva (e não Vieira) e Joaquim do Socorro Barbosa; Logo por trás do homem sobre aquela espécie de molinete, está o mais forte que era o Zacarias Granja e o mais magro que era o Coreolano (ajudante cozinheiro).
Como curiosidade, acrescentarei que o Zacarias, nos anos trinta, já tinha naufragado num pequeno batel, aqui na barra de Vila do Conde, onde morreram dois de seus irmãos, e ele que não sabia nadar...foi o único que se salvou.
Al bino Gomes
Caro Sr. Albino:
ResponderEliminarSempre atento. Obrigada pelos seus comentários.
Cumprimentos
Ana Maria Lopes