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Desta
vez, «vem à baila» o grande Capitão Francisco da Silva Paião, conhecido por Capitão Almeida, aqui, em viagem no Argus, em 1965, junto do seu fiel guardador de bordo, o Zulu, – cão de água –
era hábito, em foto de autor desconhecido. Quem não se lembra da sua figura generosa,
simpática, nos últimos anos, vergado pela dureza da vida – 53 anos de mar.
Quantas
vezes o recebi no museu e com ele conversei, com o merecido carinho!!!
Nascido
em Ílhavo (1903-1997), tinha como
irmãos Manuel Silva Paião, António Trindade da Silva Paião, Adolfo Simões Paião,
Júlio Silva Paião e Maria Celeste Paião, se memória não me atraiçoa.
Casou
com a Senhora D. Berta Teles, que conheci bastante bem. Eram praticamente meus
vizinhos, ali, na Rua de Camões.
Segundo uns apontamentos seus que me chegaram às mãos, enquanto
praticante, foi torpedeado na 1ª Grande Guerra Mundial, a bordo
do Atlântico, 30 de Setembro de
1918.
Entre
estes dois anos, terá feito algumas viagens como piloto no comércio, no vapor Mourão, Maria Amélia e no iate Tricana do Porto.
Fez
uma viagem, como piloto, em 1921, no lugre Venturoso,
de 4 mastros, da praça do Porto.
Iniciou
a actividade da pesca do bacalhau como piloto do lugre Lusitânia (Figueira da Foz) no ano de 1922, actividade que exerceu
até 1926.
Em
1927 e 28, pilotou o lugre Leopoldina,
também da praça da Figueira.
Depois
da viagem de 1929, a bordo do AVE, do Porto, transitou em 1930, para o
histórico lugre-patacho Gazela, onde fez uma viagem como
primeiro piloto, seguida de outra, em 1931, no Neptuno II.
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Intervalou
a sua entrada na Parceria Geral de Pescarias, no Barreiro/Lisboa, com uma
viagem de 2º piloto no vapor Maria
Amélia.
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Retomou
a Parceria, e, desta vez, definitivamente, como capitão do Argus velho, assim foi conhecido, construído em Dundee, em 1873,
que veio a ser o meu homónimo «Ana Maria», da praça do Porto.
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A bordo do Gazela,
entre 1937 e 1940
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E
retomou o lugre-patacho Gazela, ao tempo, como capitão, entre 1937 e 1940, seguindo-se o malfadado Hortense,
entre 1941 e 43, o famoso lugre Creoula,
hoje o célebre NTM, de 1944 a 1957 (inclusive), para ultimar a sua carreira
como capitão do afamado Argus, entre
1958 e 1968.
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A bordo do Argus,
em 1958
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O
tal Argus!!!!, construído em 1939,
na Holanda, que fez viagens turísticas nas Caraíbas com o nome de Polynésia, e que todos conhecemos bem,
à espera da sua sorte, atracado ao cais dos bacalhoeiros da Gafanha da Nazaré.
Deu
baixa à Caixa da Marinha Mercante, após a viagem de 1968, com 65 anos de
idade.
No
intervalo das viagens ao bacalhau, fez algumas deslocações no Hortense à ilha de S. Miguel, Açores.
Ainda
deixou alguns relatos de viagem, cerca de uma vintena, que chegaram a ser
publicados no jornal O Ilhavense, durante os anos 80.
Ainda
teve a paciência de nos deixar elementos, que, cruzados com outros, mos
permitiram fazer este apanhado da sua longa e tormentosa vida de mar.
E
além dos registos escritos, legou-nos alguns clichés, fortíssimos, e de rara beleza. A máquina fotográfica seria
muito elementar para a época, mas os resultados congelaram excelentes imagens
no tempo.
Era
o decano da sua classe, nesta terra de marujos e mar, em Portugal. Dele
escreveu Priscilla Doel no seu livro Porto’
Call… «o capitão Almeida tem um
estilo de vida talvez dos mais exemplares e dignos, tendo sido sempre
respeitado por toda a gente».
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Foi
este o Capitão Almeida que conheci e cujos relatos
ouvi, sempre sobre assuntos marítimos.
Ílhavo,
20 de Fevereiro de 2016
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Ana Maria Lopes
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