(…) «De meia-nau para ré, no salto, sobre calços de madeira, estão
umas embarcações miúdas com cerca de 5 metros de comprimento e 1,5 de largura
máxima, quatro cavernas, costado trincado
de quatro tábuas de pinho ou flandres, um número à proa, o nome do navio à
popa, pintados a um e outro bordo – são os dóris.
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Em cada um deles
o pescador exercerá a sua actividade de pesca: é “o seu navio”.
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Para
aproveitamento de espaço, estão encaixados uns nos outros, e, para tal, assim
foram concebidos: roda de proa e painel de popa, este em V, lançados, secção transversal em U aberto, que logo lhe determina o
fundo chato e os braços de caverna lançados. Estão peados de proa e de popa com boças
passadas a olhais fixos no convés e
com cabos que abraçam transversalmente a pilha,
em caso de temporal – as peias reais
(…)».
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Fonte: Faina Maior, de Francisco Marques e Ana
Maria Lopes (3ª edição)
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Imagem curiosa,
com condições adversas de neve, a bordo do navio São Ruy, conseguida em 1953, através do saudoso Capitão Francisco
Leite.
Proas
de dóris com neve – 1953
O São Ruy, em Viana do Castelo, em 1953
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Já agora, recorda-se
que foi a bordo do São Ruy (1939-1987)
que Frederico Cruz escreveu a reportagem Fainas
do Mar (Lisboa, 1946).
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Imagens – Arquivo pessoal da autora
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Ílhavo, 18 de
Fevereiro de 2016
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Ana Maria Lopes
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O célebre Capitão e amigo São Marcos - João Laruncho São Marcos - foi tripulante deste navio. Contava,ter ficado tão impressionado com o que viu que desembarcou no final da viagem e não quis voltar. E que viu o Capitão São Marcos que tanto o impressionou?...pescadores a lavarem as mãos em ferida...com água oxigenada e a voltarem ao dóri e à faina. O Capitão São Marcos era/é, um homem duro; um velho lobo do mar!
ResponderEliminarMagnífico texto, aqui transcrito, do livro "Faina Maior". Estes pequenos barcos foram a "casa" e o "ganha pão" de muitos pescadores, ao longo de gerações.
ResponderEliminarA fotografia é bastante esclarecedora, ilustrando as proas do dóris, com neve, num ambiente agreste, no mar gelado - uma fotografia documental e artística.
Mau grado os meus parcos conhecimentos de Marinharia, e sem pôr minimamente em causa a superior capacidade de tão distintos autores, permito-me chamar a atenção para o seguinte:
ResponderEliminarAtendendo a que a MEIA-NAU é a mediania de um navio no sentido longitudinal, portanto da proa à ré, não se deveria dizer que os Doris estão a MEIO-NAVIO, «região a meio comprimento do navio, isto é, a região da secção mestra , de bordo a bordo», tal como nos diz o Dicionário Ilustrado de Marinha, do saudoso Com. Marques Esparteiro?
Cordiais saudações marinheiras,
Al bino Gomes
Sempre atento, Sr. Albino.
ResponderEliminarObrigada.
Cumprimentos.