Costa
Nova de outros tempos
Neste dia 2 de Fevereiro, domingo, em que todas
as notícias amarguram, dia triste por natureza, apesar de soalheiro, em que o vento
e a chuva miudinha deram tréguas, que fazer, que, de alguma maneira, distraia
das intempéries marítimas e das péssimas notícias com que nos azucrinam a toda
a hora?
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Talvez jogar com imagens, palavras e
memórias mais soalheiras!
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Tive noutro dia o privilégio de ter ao meu
alcance um «novo» arquivo fotográfico. Não muito vasto, mas com algumas
relíquias. Nunca perco a oportunidade. Será sempre uma caixinha de surpresas.
Às vezes, repetidas, mas boas.
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E foi o caso.
Era este o cenário deslumbrante com que deparava,
sempre que ao amanhecer abria as toscas portadas das janelas e varanda do meu
palheiro, na Costa Nova, à beira-ria plantado, pela década de 50.
A paisagem, que nunca cansava, enchia os olhos e
a alma de beleza – o céu azulino, o casario plasmado, os automóveis de época em
plena avenida marginal, a muralha no seu largo boleado e acolhedor, a ria, nas
suas mais variadas feições, as embarcações…
De olhos fechados, ainda revejo esta Costa
Nova, linda praia… que alimenta o ego.
Hoje, também linda, é outra…, com vantagens e
muitas desvantagens!
O casario desenrola-se (na imagem) entre o
palheiro riscado de verde do Sr. Gordinho, o Hotel e Casino Beira-Ria, … o Café
Coração da Praia, … o Chiadinho, o Café Atlântida, a casa da Isabel Maria
Cachim (Pensão Malaca) …e a da Senhora D. Micas Machado. Até onde a vista
alcança e a memória relembra!...
As embarcações – a bateira de recreio Milú, com a sua proprietária,
acostando-a com o auxílio do remo. À direita, a JOÃO LUIZ, notando-se a
ausência da minha, a NAMY, em
que eu devia ter ido saborear os prazeres da ria.
Mais atrás, o «Vouga» de linhas quebradas
construído pelo Sr. António Gordinho e de sua graça, o Rio Vouga.
Para aluguer, relembrar, sim, as bateiras do Sr. Francisco Tainha – a Miúda, a Tildinha, a Maria Fernanda
e a Kiss Me. Meio atamancados, não
faltavam também os Vouga de aluguer, o
Navegador I, II, III e IV.
Lá ao longe, acostada à muralha, só pode ser a bateira labrega, A PRETA
do Ti Tainha.
O tempora! O mores!
Saudades entremeadas de amarguras!...
É este doce e franco contacto com as águas
lagunares que faltam à Costa Nova de hoje. Muitas vezes o tenho sentido e
expressado.
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Imagens – Arquivo
Maria de Lourdes (Milú) Lau
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Ílhavo, 2 de Fevereiro de 2014
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Ana Maria
Lopes
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"Ah, os tempos! Que vergonha!" Diz, em latim, D. Ana Maria Lopes: "O tempora! O mores!"
ResponderEliminarPois, lindíssima, esta página do Marintimidades com fotos tão fantásticas da nossa antiga Costa-Nova!!! No entanto, tal como já comentei num post em um dos grupos de Ílhavo, não consigo conceber esta MARAVILHA nos tempos de hoje!.... Por mais que os expert's entendam que lhe dariam volta de molde a conservá-la!!!! O que me foi dado ler, neste sentido, não me convence que mereceria a troca.... Enfim, é muito, muito polémico, este assunto a meu ver!!!... Vale-nos que a sua BELEZA resiste a todos e quaisquer contratempos, pois ela (Costa-Nova) aí está impondo-se, sempre, como uma das BELEZAS do Mundo!!!!!!!!
Mais um banho de saudade...E a delicadeza com que chama Francisco Taínha ao Ti'Chico das Taínhas,ou,vá lá,Ti'Francisco das Taínhas...Em cujos "Navegadores"fiz de timoneiro "pro bono",só pelo prazer de navegar...
ResponderEliminarE a bateira "Maria Fernanda",que os "matolas"alugavam por duas horas para ir para as "coroas" apanhar berbigão,que traziam em sacos de 50 quilos!..."O tempos"!...Cumprimentos,"kyaskyas"
Caro conterrâneo:
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário sentido, de quem viveu aquela época com fervor e aquela realidade. É mais um testemunho.
Cumprimentos
AML