Tanto
Gamo…tanto Gamo. Talvez não seja demais para esclarecer.
É
que além do Gamo (que tratámos em 3 posts e que foi torpedeado em 1918), houve um segundo lugre a utilizar o nome de Gamo. Quando me vejo a naufragar,
recorro ao amigo Reimar…rima e é verdade. Além do mais, mete-me mais «uns
tantos bichinhos» na cabeça e eu, que gosto, toca de pesquisar. Quem procura
sempre alcança… e se houver imagens a ajudar, tanto melhor.
Sempre
acho que a imagem complementa o texto…
O segundo lugre a utilizar o nome de Gamo foi construído no estaleiro de Luiz Bazílio, no Funchal, em 1921, correspondendo a uma encomenda da firma Bagão, Nunes & Machado, de Lisboa, tendo sido baptizado com o nome de Fernando, para o serviço comercial de ligação entre as ilhas adjacentes e o continente.
Muito provavelmente devido à concorrência que existia neste tráfego, através dos vapores ao serviço da Parceria Geral de Pescarias (parcialmente detentora da Companhia Insulana de Navegação), o lugre foi posto à venda, sendo comprado pela Parceria Geral de Pescarias, por 475.000 (escudos), alterando-lhe o nome para Gamo, em substituição do primeiro lugre perdido durante a guerra (1918).
Era um navio de três mastros, tinha proa de beque, popa redonda e um pavimento, com calados de 11 pés à proa e 15 pés a ré.
O navio em questão
O lugre aparece pela primeira vez referenciado na lista de navios portugueses de 1925, com o nº oficial 407-E, e matrícula de Lisboa.
Com 298.85 toneladas de arqueação bruta, 198.76 toneladas de arqueação líquida, tinha 38.75 metros de comprimento, 9.40 de boca e 4.10 metros de pontal.
Estes valores foram alterados em 1931, sugerindo a possibilidade de o lugre ter entrado em estaleiro para remodelação e beneficiações. Os novos detalhes mostram o aumento da arqueação e de capacidade de carga.
Já em 1932 o lugre regressa a estaleiro, desta feita para ser electrificado e motorizado, tendo-lhe sido aplicado um motor diesel da marca Sulzer de dois tempos, 4 cilindros e 100 Bhp.
Simultaneamente a carena passa a estar forrada com latão. Devido à motorização, o lugre altera novamente as características. Após a motorização o lugre aumenta ligeiramente de dimensões, apresentando agora 39.56 metros de comprimento, 9.40 de boca e 3,91 metros de pontal.
Lugre Gamo
Em 1934 o navio muda o indicativo internacional de chamada, mantendo-se a navegar ininterruptamente para os bancos até 1940, ano em que foi vendido à Empresa de Navegação Infante D. Henrique, Lda., do Porto, tendo regressado ao serviço comercial. O navio então matriculado na praça do Porto, sempre com o mesmo nome, está presente nas listas nacionais até ao ano de 1946, até que se lhe perde o rasto, muito possivelmente por ter sido mandado desmantelar.
Com duas épocas (início e fim) dedicadas ao comércio, intervaladas por uns anos dedicados à pesca do bacalhau, como vêem, foram bem diferentes as «vidas» dos lugres Gamo. De igual, só mesmo o nome.
O GAMO no Porto...
Foi comandado por José Cândido Vaz de 1923 a 26, por Manuel Pinto Bóia, de 1927 a 29, por João da Graça Pereira Ramalheira, de 1934 a 38 e por Augusto dos Santos Labrincha em 1939.
Imagens – Arquivo pessoal da autora do blogue
Ílhavo, 2 de Junho de 2013
Ana Maria Lopes
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