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Não
encontro ninguém muito entusiasmado com nada (a começar por mim) …e o amigo Marques da Silva deu praticamente por
terminados os modelos de embarcações lagunares que fez. Tarefa
entusiasmante…Depois de umas impressões trocadas na sua estadia natalícia, na
Gafanha, há uns dias enviou-me este texto que elucida as imagens clicadas, em
Dezembro. Mas com alguns esforços, fui-lhe arranjando mais uns biscates. Vamos a ver se a paciência e
competência do modelista o conduzem à sua execução.
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Verificando que
estava concluído o último modelo da colecção de barcos da ria, um amigo
conhecedor dos meus hábitos de trabalho, entendeu, chegada a hora, de me
arranjar uma nova ocupação.
Tinham-lhe dado
uma embarcação principiada a construir e, em sua opinião, entendia ser eu quem
devia continuar este trabalho.
De princípio ainda olhei de lado, mas quando
peguei naquele conjunto de cavernas bem alinhadas, colocadas sobre uma quilha e
ligadas entre si pelo que seria a cinta, na altura do convés, o bicho do
modelismo apareceu.
Revistei o saco
onde vinha e lá estava o molhinho do tabuado do costado e mais algumas peças de
madeira sem aplicação definida. Tratava-se sem dúvida de um kit.
Mas, onde estava
o plano de construção? Não estava. Sendo assim, era preciso encontrá-lo, pois
sem ele não tinha qualquer hipótese de concluir esta tarefa.
Conversando com
alguns amigos acerca de este assunto, apareceu um desenho que coincidia, em
dimensões, com o esqueleto que eu tinha. Tratava-se de uma caravela latina de
três mastros.
Ei-la, de proa…em
fundo azul
Devia agora
fazê-la nascer, a partir do cavername que me veio ter às mãos.
Como o desenho
que conseguimos não nos dava todo o conjunto de pormenores que eram
necessários, procurámos os elementos que me faziam falta, observando os vários
modelos existentes no Museu de Marinha e procurando o que havia escrito acerca
das caravelas.
Perspectiva da ré…
Foi com auxílio
destas ajudas que o meu modelo foi sendo construído, equipado e aparelhado para
navegar. Será que tudo está certo?
Fiz o meu melhor
e dei por mim constatando que este navio, não só oferecia condições para ser
utilizado em viagens de comércio, mas podia igualmente ser aplicado na pesca
longínqua, no mar dos bacalhaus.
Pormenores do interior (à popa)
Como sabemos,
desde os primeiros anos do século XVI os portugueses frequentaram as baías da
Terra Nova. Aí se estabeleciam durante os meses do Verão, para pescar, salgar e
secar o bacalhau que, no princípio do Inverno, transportavam para Portugal.
Pormenores do interior (à proa)
Considerando as
dificuldades que deveriam encontrar nestas viagens, entendo que as caravelas
latinas com três mastros seriam, sem dúvida, as que melhor se adaptavam para
fazer a viagem para Oeste, normalmente com ventos pouco favoráveis, e suportar
depois, nestas paragens, as difíceis condições de tempo que por lá se
encontram.
Além de
acomodação para tripulantes, achei que lhe seria
imprescindível ter uma bomba para esgoto do porão, dois bons ferros para
ancorar com segurança e um cabrestante para suspender estas pesadas âncoras.
Na escala de
1/75, este navio, teria, em tamanho real, as seguintes dimensões:
Comprimento………………………...26,20
metros
Boca…………………………………….8,50
metros
Pontal……………………………..……3,50
metros
António Marques
da Silva
Caxias, 15 de Janeiro 2013
Fotografias
– Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 24
de Janeiro de 2013
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Ana Maria Lopes
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