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No
post de 4 de Julho passado, «O Gazela em reconstrução, na Gafanha», referimos a monumental construção que ocupava a carreira do estaleiro do Mestre Manuel
Maria Mónica, na grandiosidade dos seus vários andares – A Nau S. Vicente.
Os
projectos das duas naus construídas na Gafanha da Nazaré não tiveram grande
sorte; conquanto que a primeira, a Nau
Portugal, construída para fazer
parte da Exposição do Mundo Português, em 1940, foi muito fotografada e até
filmada, há muito pouca documentação fotográfica e até escrita sobre a nau S.
Vicente.
Recolhamos
alguma – Este navio foi idealizado talvez um pouco com «pés de barro», já que a
verba para ele atribuída não foi suficiente para uma construção contínua, tendo
sido suspensa e recomeçada, chegando a permanecer cinco anos na carreira.
Nau na carreira
-1959
Em
Agosto de 1955, o Ministério da Marinha autorizou o Mestre Manuel Maria Mónica
a construir a nau e a 20 de Abril de 1956 levantou-se a roda de proa, na carreira nº 3 dos Estaleiros Mónica, que, depois
do bota-abaixo do n/m São Jorge, tinha sido reforçada para esse efeito.
Em
Junho, a quilha e a caverna mestra tiveram honras de bênção
pelo Sr. Bispo de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal.
Após
algum optimismo, reinaram as preocupações e o estado da conservação da nau era
também colocado em causa, devido aos efeitos dos invernos rigorosos.
O
próprio Mestre Manuel Maria chegou a interferir junto Almirante Américo Tomás.
Com
a morte inesperada do Mestre Mónica (a 16 de Julho de 1959), a obra permanecia
emperrada e só por despacho do Ministro da Economia, em Dezembro do mesmo ano,
foi viabilizada a continuidade do trabalho, já ultimado pelo filho de Manuel
Maria, Arménio Mónica, mais conhecido por Necas
Mónica.
Esqueleto parcial da nau
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Segundo
notícia do jornal O Ilhavense (1.
12.1960), a 20 de Novembro de 1960, apesar
do mau tempo, rumou uma multidão à Gafanha da Nazaré, para assistir ao
bota-abaixo da Nau S. Vicente.
Depois
da costumada bênção da unidade pelo Sr. Bispo de Aveiro, a madrinha, filha do
Ministro da Marinha quebrou a tradicional garrafa de champanhe contra o casco
do navio, ao som do silvo das sirenes e dos acostumados aplausos. Para alguns,
a tragédia ocorrida há cerca de 20 anos, com a Nau Portugal (1940), ainda pairava nas suas memórias e a expectativa era
grande.
Nau S. Vicente, de partida… (1964)
Na
sua pujança (comprimento, 65 metros, boca
no bojo, 13,80 m, pontal ao convés,
7,70 m, deslocação de 3000 toneladas, motor de 840 CV e três grandes mastros),
chegou a ser considerado o maior navio de madeira, até então construído em
estaleiros navais, que honraria todos os que se empenharam no projecto e
construção da obra.
«Sonhos
dourados» para os destinos da embarcação – missão de propaganda de Portugal e
dos seus produtos, começando por terras do Brasil – que ficaram em «águas de
bacalhau».
Temos
conhecimento de que, em frente aos Estaleiros Mónica, o «futuro veículo de
propaganda comercial», permanecera durante quase cinco anos; só em 1964 foi
levada a reboque para Lisboa.
Com
docagem marcada para os Estaleiros da Lisnave, não passou disso mesmo, da
marcação.
Com
sorte idêntica à sua antecessora, a nau S. Vicente, ancorada no Mar da Palha,
acabou ingloriamente no seu ancoradouro. Em 1965, dez anos após o início do seu processo de construção, a Nau S. Vicente já havia sido esquecida.
Para
quem, porventura, queira saber mais, aconselhamos a consulta de uma monografia
existente na biblioteca da FLUC, A construção da nau S. Vicente nos
estaleiros Mónica (1955-1960), da autoria de António Vítor Nunes de
Carvalho, 1999.
Fotos
do arquivo da autora do blogue
Ílhavo,
14 de Outubro de 2012
Ana Maria Lopes
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Tenho uma foto parcial da proa da Nau S.Vicente na altura do botaabaixo da traineira do meu avô em 1962/3 é talvez o ultimo barco em actividade construido nesse estaleiros dos Monicas, para enviar precisava que me faculta-se o seu mail.
ResponderEliminarBoa tarde,
EliminarSe não lhe der incomodo gostaria de ter uma cópia da foto a que faz referência.
Desde já os meus agradecimento.
Olímpio Carvalho
Osampaiocarvalho@gmail.com
Obrigada pelo seu comentário.
ResponderEliminarPara fazer o favor de me enviar a foto que tem, o que agradeço, aqui tem o meu e-mail:
lopesam1@hotmail.com
O que aconteceu ao espólio reunido para a nau são Vicente?
ResponderEliminarBomdia. Não consigo encontrar nada acerca da construção de uma nau nos antigos estaleiros junto da lota antiga. Lembra-me da construção e do bota baixo. Mas não consigo encontrar nada documentado Online.
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