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Nesse momento, todo o pessoal da companha do mar saltava a borda, agarrava-se aos remos e, aguardava a onda certa. À ordem do arrais a companha de terra empurrava a grande muleta e com a força das duas juntas de bois ainda ligadas às ferragens de ré, ele escorregava nos últimos rolos e começava a nadar.
Falta-lhe a braveza do nosso mar…mas
A segunda vaga chegava e embatendo nos delgados da proa abria para os lados, deixando que aquele que agora já parecia um grande cisne, sentisse o impulso dos quatro remos e iniciasse a sua viagem. Mesmo só em pensamento ouvia-se “Deus te guie”!
Largadas as guias dos golfiões e as da bica da ré que o tinham mantido perpendicular à linha da costa, o lanço começava, pois o reçoeiro deixado preso pelo chicote a um bordão ferrado na areia, ia escorregando por cima da borda, até que chegasse ao fim.
Era então largada a rede em arco, e começava o regresso, deixando correr a mão da barca. Este segundo cabo, passado para terra, depois do barco ter chegado à praia, iria permitir que a rede fosse apraiada pelas duas mangas que tinham conduzido para o saco o peixe encontrado pelo caminho.
Ao fim de quatro longas horas em que os bois tinham arrastado a grande rede, avistavam-se os calimotes, barris que indicavam as extremidades. Eram eles o sinal que ia apressar homens e bois, para que o saco ao apraiar viesse seguido, sem deixar fugir o peixe ou enroscar-se com o partir do mar na praia. Como recordo toda esta luta!
De regresso (simulação) …
Agora, completado que está o meu plano para a construção do barco do mar “Sto. António”, são estas memórias que me vão fazendo companhia, enquanto preparo os pequenos pedaços de madeira que irão formar o meu barquinho.
As principais medidas que encontrei foram:
Comprimento ………….15,90 m
Boca……………………..4,39 m
Pontal…………………....1,25 m
Número de cavernas………....26
Respeitando todos os pormenores de construção, utilizei madeira de tola para o fundo, choupo para os costados, limoeiro para as cavernas, rodas de proa e popa e para os remos apliquei uma vez mais a tola.
Nas varas e nos rolos, usei ramos de ameixieira, nas ferragens, arame de cobre e para os cabos da rede, fio de linho.
Procurei fazer a pintura nas cores o mais possível semelhantes à do velho Sto. António e, no final, resolvi aparelhá-lo para a pesca como deve ser.
Reprodução do cromatismo…
Caxias, 20 de Março de 2012
António Marques da Silva
Fotografias – Arquivo pessoal da Autora
Ílhavo, 18 de Maio de 2012
Ana Maria Lopes
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