segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Procissão lagunar, em renovada honra à Senhora dos Navegantes

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A tradição secular voltou a cumprir-se e a Gafanha da Nazaré, este fim-de-semana, foi palco das Festas em honra da Nossa Senhora dos Navegantes, com a habitual romaria e procissão, pela Ria de Aveiro (a XIV, sob organização do Grupo Etnográfico da Nazaré e da paróquia local).

O cortejo formou-se, pelas 14 horas, junto do Cais dos Bacalhoeiros, a partir do Stella Maris, em direcção ao cais n.º 3, onde começou o desfile pela Ria.

Em dia soalheiro, um norte muito agreste fez com que participasse, a meu ver, um menor número de barcos.

No entanto, constitui sempre um espectáculo fulgurante, na diversidade de embarcações, na presença de muito devotos agasalhadíssimos e encapuçados, de muita cor, na presença de códigos de sinais que embandeiravam os navios em arco, nas bandeiras portuguesas e, claro, em algumas insígnias clubísticas que não podiam faltar.
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Flores multicolores, muitas, muitas flores, palmas hirtas ou vergadas em arco e outros enfeites adornavam o cortejo religioso.

As opas coloridas e esvoaçantes das irmandades também animavam o cenário, ao som dos acordes de uma banda gafanhense, que o vento ajudava a propagar.

Tudo isto tem um não sei quê de devoto, místico, profano e folclórico que se entrelaça e confunde.

Não tendo tido possibilidade de acompanhar a própria procissão pela Ria, resolvemos abrigarmo-nos na «ponte» do arrastão costeiro Cruz de Malta, acostado frente da empresa.
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A recato do vento e do sol e com óptima visibilidade, apreciámos embarcações, divindades e criaturas, em todo o seu esplendor.

A Ria agitada pelo próprio vento e pelo tumulto dos motores, numa marola de espuma, emoldurava a paisagem.

E nós próprios, a bordo, também éramos suavemente embalados por uma ondulação atrevida, que nos tonteava.
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Pena é que os alvos e abundantes montes de sal da paisagem de outrora se fizessem sentir! Sinais dos tempos!!!

Integraram o desfile as imagens de Nossa Senhora da Boa Viagem, de Nossa Senhora da Nazaré, a padroeira da freguesia e de Nossa Senhora dos Navegantes, a homenageada.

Este ano, a procissão contou, ainda, com a presença de uma imagem vinda da Capelinha da Costa Nova, que imediatamente reconheci – o Santo Amaro, altaneiro, embarcado na sua «xávega», num mar de flores, transportada na embarcação ESPERANÇA NO FUTURO.

ESPERANÇA NO FUTURO


Abriu o desfile a pomposa Lancha dos Pilotos DUAS ÁGUAS, seguida da motora TRAVESSO com a Senhora da Nazaré.


DUAS ÁGUAS



TRAVESSO

O ponto alto foi a embarcação de Adelino Palão JESUS NAS OLIVEIRAS que transportou, além do principal andor, os elementos da Filarmónica Gafanhense, várias irmandades e convidados.



JESUS NAS OLIVEIRAS

Barcos mercantéis adulterados, da MT, também transportaram pessoas devidamente autorizadas, a que se juntaram, ainda, barcos de recreio, barcos de pesca artesanal, lanchas, botes e outros, com proprietário, familiares e amigos.
O possante rebocador MERCÚRIO, no seu gritante alaranjado, encerrava o desfile.

Todo o agrupamento rumou a São Jacinto, saiu em direcção à barra, sempre emblemática, até à Meia-Laranja, para seguidamente voltar e acostar ao Cais do Forte. Aí, a minúscula e típica capelinha de Senhora dos Navegantes acolheu a imagem, seguindo-se a celebração de missa Solene.

Imagens – gentilmente cedidas por Etelvina Almeida


Ílhavo, 19 de Setembro de 2011

Ana Maria Lopes
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2 comentários:

  1. Pela descrição que faz deste maravilhoso evento, fico com vontade de o presenciar novamente - foi dia de festa na Ria!

    Foi um prazer poder assistir a este desfile na sua companhia. Muito obrigada.

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  2. Hola por lo que veo se trata de una procesión marítima parecida a las que se celebran en Galicia en honor a las Virgen del Carmen. Pero en esa parece que van mas imágenes.

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